A COISA MAIS VALIOSA
“Aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão,
justiça ao órfão, defendei a causa da viúva” ·(Isaías 1.17).
Certa vez, um rei muito amado por causa das suas virtudes espirituais e
morais, sentindo envelhecer, achou por bem decidir qual dos três filhos
herdaria o trono.
Tarefa difícil, porque os três eram dignos de ocuparem o lugar do pai. A
própria corte encontrava dificuldade em decidir sobre isto porque
temia cometer uma injustiça na escolha. Os dias iam passando, até que certa
manhã o rei chamou os filhos a sua presença e lhes disse com toda seriedade:
- Estou cada vez mais velho e sem forças para continuar reinando e
desejo hoje determinar qual de vocês me sucederá. Para isso, vou submetê-los a
uma prova, cujo resultado há de ser julgado com eqüidade pela corte. Portanto,
cada um saia agora levando consigo provisão para o dia, devendo retornar ainda
hoje após descobrir a coisa que considere mais valiosa no reino.
Aquele cuja descoberta for considerada maior e mais digna, receberá a
coroa e reinará sobre os meus domínios. Assim saíram os príncipes, a procura da
coisa mais valiosa.
O mais velho resolveu procurá-la na capital do reino, deduzindo
que uma coisa valiosa e importante só poderia estar lá. O segundo deles,
entretanto, dirigiu-se para os castelos vizinhos, pensando em seus amigos para
ajudá-lo a fazer a descoberta.
Enquanto isto o caçula deles, despreocupadamente, atravessou a cidade e
se encaminhou para o campo, onde morava um garoto amigo, que há pouco tempo
perdera o pai e agora enfrentava sozinho a dura peleja de lavrar a terra.
Ninguém ali podia imaginar o que se passava na mente e no coração do jovem
príncipe. Foi um dia longo e trabalhoso para os três irmãos, que ao anoitecer
regressaram ao palácio, trazendo o resultado de todo um dia de buscas.
Diante do pai e da corte ali reunida, o mais velho apresentou um cofre
de ouro cravejado de pedras preciosas, pertencente ao mais antigo agiota do
reino.
O segundo, em seguida, entregou um pedaço de renda finíssima; era a obra
de uma princesa das imediações. Tudo ia sendo muito bem avaliado pelos
ministros da corte, mas restava ouvir o príncipe caçula.
- O que foi que você encontrou, filho? - indagou o rei ao mais
jovem.
- Nada. Absolutamente nada, respondeu o caçula. -
Realmente eu nem tive tempo para me ocupar nessa procura.
Parei no campo do garoto órfão, que sozinho preparava a terra para a
semeadura, e o ajudei no desempenho dessa tão árdua tarefa, porque sua mãe
estava doente e a terra precisava estar revolvida para receber os grãos de
cereais.
Duas lágrimas se desprenderam dos seus olhos e manchas escuras marcavam
as suas mãos macias e que nunca antes experimentaram esse trabalho.
- Meu filho, você trouxe a coisa mais valiosa: as marcas de um
trabalho digno e desinteressado.
A minha coroa e o meu reino são seus. Receba-os!
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