Beladona
O discípulo disse ao mestre: – Tenho passado grande parte do meu dia vendo coisas que não devia ver, desejando coisas que não devia desejar, fazendo planos que não devia fazer.
O mestre convidou o discípulo para um passeio. No caminho, apontou uma planta e perguntou se o discípulo sabia o que era.
O Discípulo respondeu:- Beladona. Pode matar quem comer suas folhas.
– Mas não pode matar quem apenas a contempla. Da mesma maneira, os desejos negativos não podem causar nenhum mal se você não se deixar seduzir por eles.
Beladona
Cientificamente chamada de Atropa belladonna, esta erva é sem dúvida uma das mais tradicionais na bruxaria europeia. É rica nos alcalóides atropina e escopolamina. e seu nome tem duas origens curiosas.
O nome Atropa decorre da mitologia
grega, onde, segundo a lenda, Zeus e Hera possuíam três filhas, chamadas
parcas. Uma dessas parcas tinha o nome de "Átropos a inevitável" e ela cortava o fio da vida, representando a morte. Já o nome belladonna origina-se da prática comum entre mulheres na Itália, na época do Renascimento, de pingar nos olhos o sumo espremido
das bagas pretas dessa planta. Esta era uma tola e perigosa prática de
vaidade, pois as mulheres dessa época queriam dilatar as pupilas para
ficarem com um olhar mais romântico.
Uma curiosidade histórica sobre a
beladona ocorreu no Egito Antigo. Quando a rainha Cleópatra decidiu se
suicidar ela utilizou a venenosa beladona para fazer extratos e testá-los em seus escravos. A rainha queria ver se a morte por envenenamento seria muito dolorosa!
Hildegarda
de Bingen , uma monja beneditina alemã do século XII, dedicou sua vida
ao estudo da teologia e de plantas usadas para magia e foi ela quem
primeiro demonizou a beladona. Em seus escritos, a monja registrou que a
erva "transporta em si o mal e a esterilidade".
400 anos depois, já no século XVI, documentos da inquisição católica
registram que a beladona possuía a propriedade de transformar quem a
utilizava em um pássaro, peixe ou ganso. Há registros também, onde
aponta-se que esta erva pode fazer a pessoa entrar em transe e relembrar
vidas passadas, sendo tais lembranças persistentes. Nessa mesma época,
na Inglaterra, Shakespeare, em sua obra “Romeu e Julieta”, cita uma poção mágica obtida da beladona
que foi utilizada por Romeu para se suicidar, o que demonstra que a
venenosa erva já era muito conhecido em território inglês.
Estudos científicos do século XIX comprovaram que a planta é altamente
venenosa para os seres humanos e nenhuma de suas partes deve ser
ingerida ou fumada. Entretanto, o que a ciência não explica é como esta
erva consegue atingir as pessoas mesmo sem estar em contato com elas!
As bruxas fazem encantamentos para
adoecerem suas vítimas com beladona, mesmo estando longe delas. As
folhas secas e trituradas, misturadas ao açafrão e à cânfora, constituem um perfume mágico que as bruxas utilizam para provocar loucura e perturbarção em suas vítimas.
Também há, tradicionalmente, feitiços que
utilizam um banho mágico de beladona capaz de provocar náuseas,
vômitos, pele quente e avermelhada em suas vítimas. Para este
encantamento a bruxa não precisa entrar em contato com a vítima, basta
mergulhar um objeto da vítima no banho mágico.
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