CUIDADO COM A RATOEIRA
O ser humano padece de um grave
defeito: o egoísmo. É em função desse mal anímico que existe a grande
disparidade na distribuição de riquezas, tanto em países desenvolvidos quanto
nos em desenvolvimento. A convivência em sociedade implica em troca e ajuda
mútua, que tanto pode ser valor material ou abstrato.
A vida em comunidade, embora para
alguns possa parecer algo que não os afeta diretamente, como um todo tem tudo a
ver, pois como entidades físicas, sozinhos não podemos resolver certos
problemas e sempre dependemos uns dos outros. Quem vive em cidades de pequeno,
médio e grande porte, precisa ser educado e sociável e tratar todas as pessoas
indistintamente.
Nossas relações, quer sejam sociais
e/ou profissionais, estão entrelaçadas pelo vínculo dos interesses, sejam eles
financeiros ou recreativos. Às vezes, por inveja ou vingança tratamos mal certa
pessoa. Mais tarde descobrimos que o nosso comércio emperrou em virtude de
problemas burocráticos, e ficamos sabendo que a ordem veio de um chefe de
secretaria, por sinal, muito amigo da pessoa que ofendemos.
Esse é apenas um dos exemplos que
ocorrem numa sociedade, e que tem importância capital porque envolve trabalho
do qual dependem famílias inteiras. Imaginar que vivemos em coletividade e
pensar que não dependemos de ninguém e que não seremos afetados por algo que
não nos oferece perigo imediato, é o mesmo que demonstrar estupidez e
ignorância.
Afinal, queiramos ou não, estamos todos
envolvidos numa poderosa teia, conhecida como cadeia social, cujos elos são os
fatores das nossas necessidades básicas, tais como: precisamos do vendedor de
sapatos, este por sua vez, necessita dos remédios da nossa farmácia, que tem
necessidade de comprar roupas na loja de nosso tio, que precisa do mestre de
obras e que é primo do dono da padaria, e assim por diante.
A quebra de um desses elos, em escala
mundial, refletirá negativamente em todos os demais setores que dele dependem.
Por isso, tudo ou nada pode ser problema nosso, depende apenas de que ângulo o
vemos. Se aceitarmos o risco, temos a obrigação de agüentar as conseqüências.
Nossa história da semana enfoca algo assim: “Um rato olhando pelo buraco da
parede vê o fazendeiro, sua esposa e um pacote. Pensou logo que tipo de comida
poderia ter ali.
Ficou aterrorizado quando descobriu que
era uma ratoeira. Foi para o pátio da fazenda e advertiu a todos: – Tem uma
ratoeira na casa, uma ratoeira na casa. A galinha que estava cacarejando e
ciscando, levantou a cabeça e disse: - Desculpe-me, Sr. Rato, eu entendo que é
um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, ratoeira não me
incomoda. O rato foi até o porco e disse a ele: – Tem uma ratoeira na casa, uma
ratoeira.
– Desculpe-me, Sr. Rato, mas não há
nada que eu possa fazer, a não ser rezar pelo senhor. Fique tranqüilo que o
senhor será lembrado nas minhas preces. O rato dirigiu-se então à vaca. Ela
disse: – O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira
do fazendeiro. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira
pegando sua vítima.
A mulher do fazendeiro correu para ver
o que havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda
de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher. O fazendeiro, quando percebeu o
que se passara, levou-a imediatamente ao hospital. Tomou o soro, mas voltou com
febre. E todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre nada melhor que
uma canja.
O fazendeiro pegou seu cutelo e foi
providenciar o ingrediente principal. Matou a galinha. Como a febre da mulher
continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o
fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente
veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo
aquele povo.
Moral
da história: então, se na próxima vez você ouvir dizer que alguém está diante
de um problema e acreditar que ele não lhe diz respeito, lembre-se de que,
quando há uma ‘ratoeira na casa’, toda a ‘fazenda’ corre risco.”
Richard Zajaczkowski, bacharel em
Direito,
Oficial de Justiça Avaliador, acadêmido
de Jornalismo
e membro do Centro de Letras de
Francisco Beltrão
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