Como seres humanos espirituais, este nosso mundo está
povoado de indivíduos de comportamento estranho, ou seja, ao invés de se
preocuparem com assuntos anímicos, único caminho que leva aos portais da
felicidade espiritual, preferem perder o precioso tempo com as futilidades da
matéria. Quando muito, utilizam-se de assuntos religiosos para enriquecer.
Se analisarmos profundamente a nossa existência aqui,
verificaremos (por mais que isso nos doa) na hora do nosso transpasse, que toda
riqueza acumulada, bens materiais construídos, nada disso mais terá qualquer
valor. Costuma-se dizer que na vida somente duas coisas são certas e
infalíveis, e delas ninguém escapa: a morte e os impostos.
Levaremos para o outro lado, somente a experiência da
boa e pura vontade de ajudar, que são as únicas coisas que impregnam a alma e fazem
com que o espírito inicie a escala aos planos superiores. Isso quando tivermos
algo valioso, pois do jeito que o materialismo grassa nas hostes daquelas
pessoas que enxergam apenas o fator do interesse pessoal e dos lucros
imediatos, a gritaria vai ser enorme.
Infelizmente, não somos mais procurados como pessoas
simples e comuns, ou seja, os seres humanos não se interessam por nós pelo fato
de levarmos uma vida normal. Vejamos por exemplo, o nosso tenista Guga:
enquanto ele estiver vencendo torneios, estará na crista da onda, ou seja, é
paparicado por todos os lados. Mas quando perde, cai no ostracismo e poucos
lembram dele como ser humano.
Esse tipo de comportamento visa a pessoa somente
quando ela se destaca, é melhor em
alguma modalidade de esporte, ganha muito dinheiro, ou sobressai na sociedade por algum alto cargo que ocupa.
Fora desses âmbitos, poucos se interessam se a pessoa em questão tem um desvio
de conduta psicológica, é diabética, tem fobia a lugares públicos, ou seja, ter
o direito de ser atendida como figura humana que é, e não como personalidade
que se destacou.
A maioria dos seres humanos apenas vê seus
semelhantes, quando estes atraem para si ou para outrem, compensações materiais
que possam trazer vantagens direta ou indiretamente. Se verificarmos a vida
particular de cada um, descobriremos que tanto a existência de uma pessoa
famosa, quanto a de uma pessoa comum, é recheada de problemas de ordem psicológica
ou emocional.
Isso nos leva a concluir que devemos dar o mesmo
apreço às pessoas, independentemente de elas serem conhecidas pelo sucesso,
pela fama ou pela riqueza. Mas é justamente neste ponto que reside o nosso
calcanhar de Aquiles, ou seja, o nosso ponto fraco, aquele pelo qual, às vezes
mudamos de caráter e até mesmo adotamos uma personalidade que não é nossa, como
se vestíssemos uma segunda máscara na cara e nos comportássemos de acordo.
Nossa história semanal retrata um pouco essa
particularidade comportamental humana: “Um
sábio chamou o seu discípulo, levou-o até a janela, pediu-lhe que olhasse pela
vidraça e perguntou-lhe o que estava vendo. Ele respondeu: –Vejo as pessoas
transitando pela calçada. – Muito bem – disse o sábio. – Agora coloque um espelho na janela e olhe
através dele. O que você está vendo?
– Vejo a mim mesmo – respondeu o discípulo. E o sábio
explicou-lhe: – Tanto na janela quanto no espelho o que existe é vidro. Mas o
vidro do espelho está coberto de amálgama de prata. Desde que haja um pouco de
prata ou de ouro diante de nossos olhos, deixamos de ver os nossos semelhantes
e passamos a ver apenas a nós mesmos”.
Moral da história: é melhor olhar o mundo através da vidraça e não do espelho.
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