O POR QUÊ
Quase todos nós
temos a infeliz mania de sofrer por antecipação, ou seja, acontecem
coisas desagradáveis e já ficamos tirando conclusões precipitadas, como
se o ocorrido fosse uma espécie de fim de mundo.
Na
maioria das vezes, fazemos perguntas aumentando o tamanho dos nossos
problemas. É quando nos tornamos adeptos do adágio: “fazer tempestade em
copo d’água.” Normalmente, não nos ocorre à idéia de que há males que
vêm para o bem.
Ficamos
fazendo perguntas do tipo: por quê, ao invés de nos concentrarmos nas
do para quê. Afinal, a vida não é um mar de rosas, pois se assim o
fosse, não teria nenhuma graça e tudo seria uma terrível monotonia.
Se
coisas boas nos acontecem, como é normal, ficamos alegres e festejamos.
Todavia, caso o infortúnio nos atinge, então, ao invés de usarmos a
razão para perguntarmos para que, com que finalidade, revoltamo-nos
indignados, perguntado como sempre, por quê.
Na
verdade, não aceitamos coisas ruins que nos acontecem, como se puros e
perfeitos fôssemos. A grande maioria das pessoas entende como uma
espécie de castigo, por isso, quando é atingida, faz um escarcéu e toma o
fato como sendo o supra-sumo do acontecimento.
Como tudo na vida tem uma explicação para ser, a história desta semana reforçará nossa posição mental: “Um
dia um fazendeiro da aldeia foi pedir ajuda a um sábio e disse: – Homem
sábio, ajude-me. Uma coisa horrível me aconteceu. Meu boi morreu, e eu
não tenho outro animal para me ajudar a arar o campo! Essa não foi a
pior coisa que poderia me acontecer?
O
homem sábio respondeu: – Talvez sim, talvez não. O fazendeiro correu de
volta para a aldeia e contou a seus vizinhos que o homem sábio ficara
maluco. Estava claro que aquilo era a pior coisa que lhe podia ter
acontecido. Por que ele não percebia isso?
No
dia seguinte, entretanto, um cavalo jovem e forte foi visto nas
proximidades da fazenda do homem. Como ele não tinha nenhum boi para
ajudá-lo, teve a idéia de aproveitar o cavalo no lugar do boi. Que
felicidade para o fazendeiro! Arar o campo nunca tinha sido tão fácil.
Ele voltou então ao homem sábio para se desculpar:
–
Você estava certo, perder meu boi não foi a pior coisa que poderia me
acontecer. Foi uma bênção disfarçada! Eu nunca poderia ter capturado o
meu novo cavalo se não fosse aquele fato. Você há de concordar que essa
foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.
O
homem sábio tornou a dizer: – Talvez sim, talvez não. “De novo não”,
pensou o fazendeiro. “Agora não há dúvidas de que o homem sábio está
enlouquecendo.” Mais uma vez, porém, o fazendeiro não sabia o que o
aguardava. Alguns dias mais tarde, voltou ao homem sábio com a seguinte
notícia:
–
Meu filho estava andando a cavalo, caiu e quebrou a perna. Agora não
pode mais me ajudar na colheita. O senhor há de concordar comigo que
essa foi a pior coisa que me poderia acontecer, não acha?
E
o sábio respondeu: – Talvez sim, talvez não. O fazendeiro ficou
decepcionado com o sábio e pensou: “Coitado! Ele já está velho e não
sabe mais aconselhar. Claro que essa foi a pior coisa que me poderia ter
acontecido!”
Passados alguns
dias, chegaram tropas no vilarejo para levar todos os homens jovens e
saudáveis para uma guerra que tinha acabado de estourar. O filho do
fazendeiro foi o único jovem que não teve que ir.
E
então o fazendeiro entendeu que aquela também não havia sido a pior
coisa que lhe tinha acontecido. Moral da história: Você só aceitará o
sofrimento quando substituir a pergunta “por quê” pela pergunta “para
quê”. Só assim você entenderá o propósito dos acontecimentos”.
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