segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Pecado hereditário

 

Pecado hereditário


O pecado hereditário surgiu do primeiro pecado original.
O pecado, isto é, a atuação errada, consistiu no cultivo exagerado do intelecto, com o conseqüente acorrentamento voluntário a espaço e tempo, e nos efeitos colaterais aí surgidos do exato trabalho do intelecto, tais como a cobiça, o logro, a opressão etc, que têm no seu séqüito muitos outros, no fundo, aliás, todos os males.
Esse fato teve, naturalmente, naqueles que se desenvolviam como seres humanos de puro intelecto, pouco a pouco, influências cada vez mais fortes na formação do corpo de matéria grosseira. Como o cérebro anterior, gerador do intelecto, foi se tornando unilateralmente cada vez maior por causa do esforço contínuo, era natural que nas procriações tais formas em processo de alteração se manifestassem na reprodução do corpo terreno e as crianças já nascessem trazendo consigo um cérebro anterior cada vez mais forte e desenvolvido.
Nisso, porém, encontrava-se, e encontra-se ainda hoje, a disposição ou a predisposição para uma força do intelecto que predomina sobre tudo o mais, o que encerra em si o perigo de, em seu total despertar, acorrentar o portador do cérebro não somente a espaço e tempo, isto é, a tudo quanto é de matéria grosseira terrena, de modo que o torna incapaz de compreender o que é de matéria fina e o que é puro espiritual, mas que também o emaranha ainda em todos os males que são inevitáveis devido à supremacia do intelecto.
O fato de trazer consigo esse cérebro anterior voluntariamente hipercultivado, no qual se encontra o perigo do puro predomínio do intelecto com todos os males colaterais inevitáveis, é o pecado hereditário!
Portanto, a transmissão hereditária física da parte atualmente designada como grande cérebro, devido ao seu intensificado desenvolvimento artificial, pelo que o ser humano traz consigo ao nascer um perigo que mui facilmente pode emaranhá-lo no mal.
Isso, porém, não lhe tira nenhuma responsabilidade. Essa lhe permanece; pois herda apenas o perigo, não o pecado propriamente. Não é necessário, em absoluto, que deixe predominar incondicionalmente o intelecto, submetendo-se a ele por isso. Pode, ao contrário, utilizar-se da grande força do intelecto como uma espada afiada para abrir caminho na agitação terrena, o qual a sua intuição lhe indica, a qual também é denominada voz interior.
Se, porém, em uma criança o intelecto é elevado a um domínio irrestrito através de educação e ensinamentos, então é retirada da criança uma parte da culpa, ou melhor, do conseqüente efeito retroativo devido à lei da reciprocidade, visto que essa parte atinge o educador ou mestre causador disso. A partir desse momento ele fica preso à criança, até que esta fique liberta dos erros e de suas conseqüências, mesmo que isso demore séculos ou milênios.
Tudo, porém, quanto uma criança assim educada fizer, depois de ter-lhe sido dada oportunidade séria para uma introspecção e conversão, atingirá somente a ela mesma nos efeitos retroativos. Semelhantes oportunidades se oferecem pela palavra oral ou escrita, por grandes abalos na vida ou por acontecimentos semelhantes, que obrigam a um momento de profundo intuir. Nunca deixam de vir. —
Seria inútil continuar a falar mais a esse respeito, pois sob todos os aspectos tratar-se-ia apenas de seguidas repetições, as quais teriam de se encontrar nesse ponto. Quem refletir sobre isso, a esse logo será tirado um véu dos olhos, terá solucionado nisso muitas perguntas em si mesmo.


Quem não se esforça para compreender direito a Palavra do Senhor, torna-se culpado! 


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O que procurais?

 O que procurais?


O que procurais? Dizei, o que significa esse impulso impetuoso? Como um bramir ele atravessa o mundo, e vagalhões de livros se derramam sobre todos os povos. Eruditos procuram nas antigas escrituras, investigam, cismam até a exaustão espiritual. Profetas surgem, para advertir, prometer... de todos os lados se quer de repente, como em estado febril, difundir nova luz!
Assim se passa atualmente, como uma tempestade, pela alma humana alvoroçada, sem nutrir nem refrescar, mas sim crestando, consumindo e absorvendo as últimas forças que restaram à dilacerada alma humana, nestas sombras da atualidade.
Também aqui e acolá, manifesta-se um sussurro, um murmúrio de expectativa crescente, de algo que está para vir. Inquieto está cada nervo, tenso por um anseio inconsciente. Palpita, borbulha e paira sobre tudo, de modo latente e sombrio, uma espécie de atordoamento. Gerando desgraça. Que de nascer disso? Confusão, desalento e ruína, se não for rasgada com energia a camada escura que agora envolve espiritualmente o globo terrestre, a qual, com a viscosidade dos charcos imundos, absorve e sufoca, antes que se torne forte cada livre pensamento luminoso que surge, a qual, com o silêncio lúgubre de um pântano, já reprime, decompõe e destrói no gérmen cada boa vontade, antes que possa surgir daí uma ação.
O grito dos que buscam a Luz, porém, que contém força para romper a lama, é desviado, e seu som se perde contra uma abóbada impenetrável, erigida com empenho justamente por aqueles que supõem ajudar: Eles oferecem pedras em lugar de pão!
Examinai os inúmeros livros:
Através deles o espírito humano só se cansará, não se vivificará! E isso é a prova da esterilidade de tudo o que é oferecido. Pois o que cansa o espírito nunca é o certo.
Pão espiritual refresca imediatamente, Verdade revigora, e Luz vivifica!
Pessoas simples têm que desanimar, quando vêem que muros estão sendo levantados ao redor do Além, pela assim chamada ciência do espírito. Quem, dentre os simples, pode entender as frases eruditas, as estranhas expressões? Destinar-se-á então o Além só para os cientistas do espírito?
Fala-se aí de Deus! Acaso se faz mister erigir uma universidade, para nela se adquirir primeiramente as capacidades de reconhecer o conceito da divindade? Para onde leva essa mania que na maior parte está arraigada apenas na ambição?
Como bêbados cambaleiam os leitores e os ouvintes, de um lugar para o outro, incertos, tolhidos em si mesmos, unilaterais, pois foram desviados do caminho simples.
Escutai, ó desalentados! Erguei o olhar, vós que buscais com sinceridade: O caminho para o Altíssimo se encontra pronto na frente de cada ser humano! Erudição não é o portal para lá!
Escolheu Cristo Jesus, esse grande exemplo no verdadeiro caminho para a Luz, os seus discípulos entre os cultos fariseus? Entre pesquisadores das escrituras? Tirou-os da singeleza e da simplicidade, porque eles não tinham que lutar contra este grande erro, que o caminho para a Luz é difícil de aprender e deve ser árduo de seguir.
Este pensamento é o maior inimigo das criaturas humanas, pois é mentira!
Por isso, distanciai-vos de toda e qualquer sabedoria vã, lá onde se trata do que há de mais sagrado no ser humano e que quer ser plenamente compreendido! Afastai-vos, porque a ciência, como obra malfeita do cérebro humano, é fragmentária, e como tal tem de permanecer.
Refleti, como poderia a ciência, arduamente aprendida, levar à divindade? Que é saber, na realidade? Saber é o que o cérebro pode compreender. Quão restritamente limitada é, contudo, a capacidade de compreensão do cérebro, que permanece ligado firmemente a espaço e tempo. Já a eternidade e o sentido do infinito não consegue um cérebro humano abranger. Exatamente isso, que se acha ligado inseparavelmente à divindade. Silencioso, porém, permanece o cérebro, diante dessa força inapreensível que interpenetra tudo o que existe e da qual ele próprio haure sua atividade. A força que todos sentem dia após dia, hora após hora, a cada momento, como algo evidente, que também a própria ciência sempre reconheceu como algo existente, e que com o cérebro, portanto, com o saber e o intelecto, procura-se em vão assimilar e compreender.
Tão defeituosa é, pois, a atividade de um cérebro, da pedra fundamental e instrumento da ciência, e essa limitação se faz sentir logicamente também através das obras que constrói, portanto, através de todas as próprias ciências. Por conseguinte, a ciência é útil como complemento, para uma compreensão melhor, para subdividir e classificar tudo quanto ela recebe pronto da força criadora precedente, contudo, ela tem que malograr incondicionalmente, se pretender ela própria se arrogar a guia ou crítica, enquanto se prender, como até agora, tão firmemente ao intelecto, isto é, à faculdade de compreensão do cérebro.
É por esse motivo que a erudição, e também a humanidade que por ela se orienta, permanecem sempre presas a pormenores, ao passo que cada ser humano traz em si o grande, inapreensível todo como presente, que o capacita totalmente, sem aprendizado cansativo, a atingir o que há de mais nobre e sublime!
Por isso, fora com esse desnecessário tormento de uma escravidão espiritual! Não é em vão que o grande Mestre exclama: Sede como as crianças!
Quem possui em si firme vontade para o bem e se esforça por aplicar pureza a seus pensamentos, esse já achou o caminho para o Altíssimo! E assim, tudo o mais lhe será concedido. Para tanto não precisa nem de livros ou esforço espiritual e nem de uma penitência ou isolamento. Torna-se sadio de corpo e alma, livre de toda a pressão de sofismas malsãos; pois qualquer exagero prejudica. Deveis ser criaturas humanas, e não plantas de estufa, que devido a desenvolvimento unilateral sucumbem às primeiras rajadas de vento!
Despertai! Olhai em redor! Ouvi vosso íntimo! Unicamente isso é capaz de abrir o caminho!
Não deis atenção às brigas das igrejas. O grande portador da Verdade, Cristo Jesus, a corporificação do amor divino, não perguntou por religião. O que, aliás, são hoje as confissões religiosas? Tolhimentos do espírito livre do ser humano, escravização da centelha de Deus que habita em vós; dogmas *(Doutrinas de igrejas) que procuram restringir a obra do Criador e também Seu amor imenso nas formas estreitas do sentido humano, o que equivale a rebaixamento do divinal, desvalorização proposital. Todo investigador sincero é repelido por esse procedimento, pois através dele jamais poderá vivenciar a grande realidade, com o que tornar-se-á cada vez mais desesperançado seu anseio pela Verdade, fazendo-o por fim desesperar de si e do mundo! Por conseguinte, despertai! Destruí os muros dogmáticos dentro de vós, arrancai a venda para que a Luz pura do Altíssimo possa penetrar em vós. O vosso espírito lançar-se-á então, jubilando, para as alturas, sentirá, regozijando, o grande amor do Pai, que desconhece quaisquer fronteiras do intelecto terreno. Sabereis finalmente que sois uma parte dele e o compreendereis sem esforço e completamente, unir-vos-eis a ele, e assim ganhareis diariamente, hora após hora, nova força, como uma dádiva, que vos tornará evidente a ascensão para fora da confusão!


Quem não se esforça para compreender direito a Palavra do Senhor, torna-se culpado! 



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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O silêncio

O silêncio


Tão logo surja em ti um pensamento, trata de retê-lo, não o pronuncies logo, porém, nutre-o; pois ele se comprime mediante a contenção no silêncio e ganha em forças, como o vapor sob contrapressão.
A pressão e a compressão geram a propriedade duma atuação magnética segundo a lei de que tudo o que é mais forte atrai o fraco para si. Formas de pensamentos análogas serão, através disso, atraídas de todas as partes, seguradas, reforçando cada vez mais a força do próprio pensamento primitivo, e apesar disso atuam de modo que a primeira forma gerada se vá moldando pela junção de formas alheias, transformando-se e adquirindo formas variáveis, até atingir seu amadurecimento. Sentes tudo isso dentro de ti, todavia, julgas sempre que seja unicamente tua própria vontade. Mas em coisa alguma dás inteiramente tua própria vontade, tens sempre junto algo alheio!
Que te diz esse fenômeno?
Que somente na fusão de muitas partículas algo perfeito pode ser criado! Criado? Está isso certo? Não, mas sim formado! Pois realmente não há nada de novo a criar, trata-se em tudo apenas de um novo formar, visto que todas as partículas já existem na grande Criação. Cumpre apenas impulsionar essas partículas para atuarem em direção ao caminho da perfeição, o que traz a fusão.
Fusão! Não passes de leve por tal termo, procura antes aprofundar-te nesse conceito de que o amadurecimento e a perfeição são alcançados por meio da fusão. Essa sentença repousa em toda a Criação, como uma preciosidade que quer ser descoberta! Acha-se intimamente ligada à lei de que somente no dar também se pode receber! E o que condiciona a exata compreensão dessas sentenças? Isto é, a vivência? O amor! E por isso o amor constitui também a força máxima, como poder ilimitado dentro dos mistérios do grande existir!
Assim como a fusão, no caso dum único pensamento, forma, lapida e molda, assim se dá com o próprio ser humano e com toda a Criação, que na interminável fusão de formas individuais existentes passa por novas configurações, devido à força de vontade, e assim se forma o caminho para a perfeição.
Um ser isolado não pode oferecer-te a perfeição, mas sim a humanidade toda, na pluralidade de suas características! Cada qual tem algo que pertence de maneira incondicional ao conjunto. Daí acontecer também que uma pessoa que já atingiu amplo progresso, já não conhecendo mais nenhuma cobiça terrena, sinta amor pela humanidade inteira e não por um ser isolado, visto que somente a humanidade toda consegue fazer vibrar as cordas de sua alma amadurecida, libertadas através da purificação, em harmoniosa sinfonia celestial. Traz harmonia dentro de si, porque todas as cordas vibram!
Voltemos ao pensamento que atraiu para si as formas alheias e que assim foi se tornando forte, cada vez mais forte: por fim ele vai além de ti em cerradas ondas de força, rompe a aura da tua própria pessoa e passa a exercer uma influência sobre um âmbito mais amplo.
A isso a humanidade chama de magnetismo pessoal. Os leigos dizem: “Irradias algo!” Conforme a espécie, algo desagradável ou agradável. Atraente ou repulsivo. Mas sente-se!
Contudo, não irradias nada! O fenômeno que gerou o sentimento nessas outras pessoas teve sua origem no fato de atraíres magneticamente para ti tudo o que é espiritualmente da mesma espécie. E esse atrair torna-se perceptível às pessoas mais próximas. É que nisso também reside o efeito recíproco. No contato, essa outra pessoa sente então nitidamente a tua força, nascendo através disso a “simpatia”.
Mantém sempre diante dos olhos: Tudo quanto é espiritual, expresso segundo nossos conceitos, é magnético, e também te é conhecido que sempre o mais forte supera o fraco, pela atração e pela absorção. Por isso “é tirado do pobre (fraco) até mesmo o pouco que possui”. Ele se torna dependente.
Nisso não reside nenhuma injustiça, mas isso se realiza de acordo com as leis divinas. O ser humano precisa apenas se animar, querer realmente, e está protegido disso.
Naturalmente lançarás então a questão: E como será quando todos quiserem ser fortes? Quando nada tiverem a tomar de alguém? Então, querido amigo, será um intercâmbio espontâneo, subordinado à lei de que somente dando é que também se pode receber. Não ocorrerá paralisação por causa disso, mas sim tudo quanto é inferior estará extinto.
Assim acontece que, devido à preguiça, muitos se tornam dependentes no espírito, às vezes, por fim, mal possuem ainda a capacidade de desenvolver seus próprios pensamentos.
Deve ser salientado que somente a igual espécie é atraída. Daí o provérbio: “Igual com igual se entendem bem”. Assim se juntarão sempre os que são dados à bebida, fumantes têm “simpatias”, tagarelas, jogadores, etc., mas também os de índole nobre se encontram para fins elevados.
No entanto, ainda prossegue: aquilo que se esforça espiritualmente também se efetiva por fim fisicamente, visto todo o espiritual perpassar a matéria grosseira, razão pela qual cumpre ter sempre em mente a lei da ação de retorno, porque um pensamento sempre mantém ligação com a origem, causando nessa ligação irradiações retroativas.
Refiro-me aqui sempre apenas aos pensamentos reais, que contêm em si a força vital da intuição anímica. Não ao desperdício de forças da substância cerebral confiada a ti como instrumento, que forma apenas pensamentos voláteis que se manifestam como emanações difusas em desordenada confusão e que, felizmente, logo se desfazem. Tais pensamentos só te custam tempo e força, e desperdiças com isso um bem que te foi confiado.
Meditas, por exemplo, a sério sobre determinada coisa, tal pensamento se tornará fortemente magnético dentro de ti pela força do silêncio e atrairá todos os afins, tornando-se, desse modo, fertilizado. Ele amadurece e transpõe os limites da rotina, até penetra devido a isso em outras esferas também, recebendo daí a afluência de pensamentos mais elevados... a inspiração! Por essa razão, na inspiração, em contraste com a mediunidade, o pensamento básico deve partir de ti mesmo, deve formar uma ponte para o Além, o mundo espiritual, a fim de ali haurir conscientemente de uma fonte. Por conseguinte, a inspiração não tem nada a ver com a mediunidade. Dessa forma o pensamento amadurecerá dentro de ti. Avanças para a realização e levarás, comprimido por tua força, à realização aquilo que já pairava antes em inúmeras partículas no Universo, como formas de pensamentos.
Dessa maneira crias com algo espiritual já há muito existente, por meio da fusão e da compressão, uma nova forma! Assim, na Criação toda, sempre mudam apenas as formas, pois tudo o mais é eterno e indestrutível.
Acautela-te de pensamentos confusos, e de toda a superficialidade no pensar. O descuido vinga-se amargamente; pois sem demora te verás rebaixado a um lugar tumultuado de influências estranhas, o que te tornará facilmente irritado, inconstante e injusto para com o teu ambiente mais próximo.
Se tens um pensamento autêntico e o reténs bem, assim finalmente essa força concentrada também tem de impelir para a realização; pois o desenvolvimento de tudo se desenrola espiritualmente, já que toda força é apenas espiritual! O que então se torna visível para ti são sempre apenas as últimas manifestações dum processo magnético-espiritual ocorrido anteriormente e que se realiza sempre uniformemente de acordo com uma ordem predeterminada.
Observa, e quando pensas e sentes, logo terás a prova de que toda a vida real pode ser na verdade a espiritual, onde unicamente se encontram a origem e também o desenvolvimento. Tens de chegar à convicção de que tudo quanto vês com os olhos corpóreos realmente são apenas manifestações do espírito eternamente impulsionante.
Qualquer ação, até mesmo o menor movimento duma pessoa, foi precedida sempre de uma vontade espiritual. Os corpos exercem em tais casos apenas a função de instrumentos vivificados pelo espírito, que propriamente só adquiriram consistência através da força do espírito. Assim também árvores, pedras e toda a Terra. Tudo é vivificado, traspassado e impulsionado pelo espírito criador.
Visto que a matéria toda, portanto, o que é visível terrenamente, só vem a ser efeito da vida espiritual, não te será difícil compreender que, conforme a espécie mais imediata da vida espiritual que nos rodeia, assim se formarão também as circunstâncias terrenas. O que daí se deduz logicamente é claro: à própria humanidade é dada, pela sábia disposição da Criação, a força para formar para si, de modo autocriativo, as condições de vida mediante a própria força do Criador. Feliz dela se a utilizar somente para o bem! Mas ai dela, se se deixar induzir a utilizá-la para o mal!
Nos seres humanos o espírito somente é envolvido e escurecido pelas ambições terrenas que, como escórias, aderem, sobrecarregam e arrastam-no para baixo. Seus pensamentos são, pois, atos de vontade nos quais repousa a força do espírito. O ser humano dispõe da decisão para pensar bem ou mal e pode assim orientar a força divina tanto para o bem como para o mal! Nisso reside a responsabilidade que o ser humano assume; pois a recompensa ou o castigo há de vir, já que todas as conseqüências dos pensamentos voltam ao ponto de partida através da lei da reciprocidade instituída, que nunca falha, e que nisso é inamovível, portanto, inexorável. E por isso também incorruptível, severa e justa! Não se diz o mesmo também a respeito de Deus?
Se muitos inimigos da fé hoje nada mais querem saber de uma divindade, tudo isso não consegue alterar em nada os fatos que expus. Basta que essas pessoas suprimam a palavra “Deus” e se aprofundem seriamente na ciência, virão a encontrar então exatamente o mesmo, só que expresso em outras palavras. Não é, portanto, ridículo discutir sobre isso? Nenhum ser humano pode se esquivar das leis da natureza, ninguém consegue nadar em sentido contrário a elas. Deus é a força que impulsiona as leis da natureza; a força, que ninguém ainda compreendeu, que ninguém viu, mas cujos efeitos cada um, dia a dia, hora a hora, até mesmo nas frações de todos os segundos, tem de ver, intuir, observar, se apenas quiser ver, em si, em cada animal, cada árvore, cada flor, cada fibra de uma folha, quando irrompe do invólucro para chegar à luz. Não é cegueira opor-se tenazmente, quando todos, até mesmo esses negadores obstinados, reconhecem e comprovam a existência dessa força? O que os impede então de chamar de Deus essa força reconhecida? Teimosia pueril? Ou uma certa vergonha por terem de admitir que durante todo esse tempo procuraram negar obstinadamente algo, cuja existência desde o início lhes era evidente?
Certamente não é nada de tudo isso. A causa deve residir no fato de que foram apresentadas à humanidade, de tantas partes, caricaturas da grande divindade, com as quais, num sério pesquisar, ela não podia concordar. A força da divindade, que tudo abrange e tudo perpassa, tem de ser diminuída e desvalorizada na tentativa de imprimi-la num quadro!
Numa reflexão profunda, nenhum quadro pode harmonizar-se com isso! Exatamente porque cada ser humano traz em si o conceito de Deus, é que se opõe cheio de pressentimentos contra a restrição da grandiosa e inapreensível força que o gerou e que o conduz.
O dogma é culpado pelo fato de que uma grande parte daqueles, em seu conflito, procura transpor cada meta, muitas vezes até mesmo contra a certeza que vive em seu interior.
Mas não está distante a hora, em que virá o despertar espiritual! Em que interpretar-se-á direito as palavras do Redentor, compreender-se-á corretamente sua grande obra de redenção; pois Cristo nos trouxe redenção das trevas, ao apontar-nos o caminho para a Verdade, mostrando, como ser humano, o caminho para as alturas luminosas! E com o sangue na cruz imprimiu o selo de sua convicção!
A Verdade nunca foi diferente do que já foi outrora e do que ainda é hoje e há de ser daqui a dezenas de milênios; pois é eterna!
Por isso, aprendei a conhecer as leis que se encontram no grande livro de toda a Criação. Submeter-se a elas significa: amar a Deus! Pois com isso não provocas nenhuma dissonância na harmonia, mas sim contribuis para que os acordes vibrantes atinjam amplitude total.
Quer digas: Submeto-me voluntariamente às leis existentes da natureza, porque é para o meu bem, ou quer digas: Submeto-me à vontade de Deus, que se revela nas leis da natureza ou à força inconcebível que impulsiona as leis da natureza... há alguma diferença em seu efeito? A força aí está e tu a reconheces, tens de reconhecê-la, sim, já que não te resta outra alternativa, tão logo reflitas um pouco... e com isso reconheces teu Deus, o Criador!
E essa força atua em ti também no pensar! Por conseguinte, não faças mau uso dela para o mal, mas sim, pensa coisas boas! Nunca te esqueças: Quando crias pensamentos, utilizas força divina, com a qual és capaz de alcançar o que há de mais límpido e excelso!
Procura jamais deixar de atentar que todas as conseqüências do teu pensar recaem sempre sobre ti, segundo a força, o tamanho e amplitude do efeito dos pensamentos, tanto no bem como no mal.
E como o pensamento é espiritual, assim as conseqüências retornam de maneira espiritual. Encontrar-te-ão, portanto, seja lá como for, ou aqui na Terra, ou então no espiritual, depois de teu falecimento. Por serem espirituais, também não são ligadas à matéria. Disso resulta que a decomposição do corpo não revoga o resgate! A recompensa no efeito retroativo ocorrerá na certa, mais cedo ou mais tarde, aqui ou acolá. A ligação espiritual permanece firme com todas as tuas obras; pois também as obras materiais terrenas possuem, sim, origem espiritual através do pensamento gerador, e continuam existindo, mesmo que tudo o que é terreno tenha desaparecido. Por isso, há veracidade na expressão: “As tuas obras te aguardam, enquanto o resgate ainda não te atingiu no efeito de retorno”.
Caso, por ocasião de um efeito retroativo, ainda estejas aqui na Terra, ou para aqui tenhas voltado, assim efetiva-se então a força das conseqüências do espiritual, de acordo com a espécie, para o bem ou para o mal, através das circunstâncias, no teu ambiente ou em ti mesmo diretamente, em teu corpo.
Aqui seja mais uma vez indicado especialmente o seguinte: A verdadeira e legítima vida se processa no espiritual! E essa não conhece nem tempo nem espaço, logo, também nenhuma separação. Situa-se acima dos conceitos terrenos. Por essa razão, as conseqüências te encontrarão onde estiveres, no tempo em que, de acordo com a lei eterna, o efeito retorna ao ponto inicial. Nada se perde, tudo volta, com toda a certeza.
Isso soluciona agora também a pergunta, já tantas vezes apresentada, de como acontece que pessoas visivelmente boas às vezes têm de sofrer tanto na vida terrena, e de tal forma, que é visto como injustiça. Trata-se de resgates que têm de atingi-las!
Conheces agora a resposta a essa pergunta; pois teu respectivo corpo não desempenha nisso nenhum papel. Teu corpo não é tu próprio, não é o teu “eu” completo, e sim um instrumento que escolheste para ti ou que tiveste de tomar segundo as vibrantes leis da vida espiritual, às quais podes chamar também de leis cósmicas, caso assim te pareçam mais compreensíveis. A respectiva vida terrena é somente um curto espaço da tua verdadeira existência.
Um pensamento arrasador, se não houvesse nenhuma saída, nenhum poder que se contrapusesse protetoramente a isso. Quantos não deveriam desanimar ao despertarem para o espiritual, e desejariam, de preferência, continuar a dormir na antiga rotina. Eles não sabem, pois, o que os aguarda e o que ainda os atingirá de outrora pelo efeito de retorno! Ou, como dizem os seres humanos: “O que eles ainda têm de reparar.”
Contudo, não tenhas receio! Com o despertar te é mostrado, na sábia disposição da grande Criação, também um caminho, por aquela força da boa vontade, à qual já me referi especialmente e que atenua os perigos do carma que se desencadeia, ou os afasta totalmente para o lado. Também isso o Espírito do Pai colocou na tua mão. A força da boa vontade forma à tua volta um círculo capaz de destruir o mal que aflui ou atenuá-lo bastante, da mesma forma que a camada de ar também protege o globo terrestre. Contudo, a força da boa vontade, essa proteção eficaz, é desenvolvida e beneficiada pelo poder do silêncio.
Por isso, a vós que procurais, clamo mais uma vez insistentemente:
Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, e, a seguir, praticai em primeiro lugar o grande poder do silêncio, se quiserdes ascender.
O Pai já depositou em vós a força para tudo! Precisais apenas utilizá-la!


Quem não se esforça para compreender direito a Palavra do Senhor, torna-se culpado! 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Responsabilidade

 Responsabilidade


Essa questão continua sendo primordial, porque a grande maioria dos seres humanos gostaria de livrar-se de toda responsabilidade, jogando-a sobre qualquer outra coisa, menos sobre si mesmos. Que isso constitua em si uma desvalorização pessoal não tem nenhuma importância para eles. A tal respeito são de fato bem humildes e modestos, mas somente a fim de poderem entregar-se a uma vida ainda mais prazenteira e inescrupulosa.
Seria, pois, tão bonito poderem satisfazer todos os seus desejos e entregar-se a todos os seus apetites, também perante outras pessoas, ficando isentos de castigo. As leis terrenas podem, em casos de necessidade, ser facilmente burladas, evitando conflitos. Os mais habilidosos podem até mesmo, acobertados por essas mesmas leis, realizar empreendimentos astuciosos muito bem sucedidos e fazer muitas outras coisas que não suportariam nenhum exame mais pormenorizado. Ainda muitas vezes granjeiam com isso a fama de pessoas excepcionalmente eficientes. Portanto, com alguma habilidade poderia se levar uma vida bem agradável, conforme suas próprias idéias, se... não existisse algures determinada coisa que despertasse um sentimento incômodo, se não surgisse às vezes uma momentânea inquietação no sentido de que, finalmente, muita coisa poderia ser um pouco diferente do que o próprio desejar estabelece para si.
E assim também é! A realidade é séria e inexorável. Os desejos humanos não podem, a tal respeito, provocar alterações de espécie alguma. Férrea se mantém a lei: “O que o ser humano semeia, isso ele colherá multiplicadamente!”
Estas poucas palavras contêm e dizem muito mais do que tantos pensam. Coadunam-se, com precisão e certeza absolutas, com os fenômenos reais do efeito recíproco que reside na Criação. Não poderia ser encontrada expressão mais adequada para o fato. Assim como a colheita resulta na multiplicação de uma semeadura, da mesma forma o ser humano colherá sempre multiplicado aquilo que ele despertou e emitiu com suas próprias intuições, de acordo com a espécie de seu pensamento.
A criatura humana traz, por conseguinte, espiritualmente, a responsabilidade por tudo quanto faz. Essa responsabilidade já inicia com a resolução, não apenas por ocasião do ato realizado, que nada mais é senão uma conseqüência da resolução. E a resolução é o despertar de um querer sincero!
Não existe separação nenhuma entre o Aquém e o chamado Além, mas sim tudo é um único e imenso existir. Toda essa Criação gigantesca, em parte visível e em parte invisível aos seres humanos, atua como uma engrenagem admiravelmente bem feita, jamais falhando, que se articula com justeza, sem se desengrenar. Leis uniformes seguram o todo, as quais, como um sistema nervoso, tudo perpassam e sustentam, e atuam mutuamente em constante efeito recíproco!
Quando nisso então as igrejas e as escolas falam do céu e do inferno, de Deus e do diabo, tudo isso está certo. Errada, porém, é a explicação referente às forças boas e más. Isso induzirá qualquer indagador sério imediatamente a erros e dúvidas; pois onde existem duas forças, logicamente deve haver dois soberanos, neste caso, portanto, dois deuses, um bom e um mau.
E este não é o caso!
Existe apenas um Criador, um Deus, e, portanto, também apenas uma força que perflui, vivifica e fomenta tudo o que existe!
Essa força de Deus, pura e criadora, flui constantemente através de toda a Criação, reside nela e é inseparável dela. Encontramo-la por toda parte: no ar, em cada gota d’água, nas rochas que se formam, nas plantas que crescem, nos animais e naturalmente nas criaturas humanas também. Nada existe onde ela não esteja.
E assim como ela tudo perpassa, da mesma forma também perflui ininterruptamente o ser humano. Este, porém, é constituído de tal maneira, que se assemelha a uma lente. E assim como uma lente reúne os raios solares que a atravessam, conduzindo-os adiante em forma concentrada, de maneira que os raios caloríficos, unindo-se em um ponto, ardem e inflamando acendem fogo, da mesma forma o ser humano, devido a sua constituição especial, reúne por meio de sua intuição a força da Criação que o perpassa e a conduz adiante, de forma concentrada, através de seus pensamentos.
Conforme a espécie desse intuir e dos pensamentos que se ligam a ele, o ser humano dirige a força criadora de Deus, de atuação autônoma, para bons ou maus efeitos!
E essa é a responsabilidade com que o ser humano tem de arcar!
Vós, que muitas vezes procurais de modo tão convulsivo encontrar o verdadeiro caminho, por que tornais isso tão difícil para vós? Imaginai com toda a simplicidade como a força pura do Criador flui através de vós, a qual dirigis com os vossos pensamentos em direção boa ou má. Dessa maneira, sem esforço nem quebra-cabeça, tereis tudo! Considerai que depende da simplicidade de vosso intuir e pensar, se agora essa força prodigiosa irá acarretar o bem ou o mal. Que poder benéfico ou destruidor vos é concedido com isso!
Nisso, não precisais fazer esforço que vos provoque suor na fronte, nem precisais agarrar-vos às chamadas práticas ocultistas, a fim de, mediante contorções corporais e espirituais, possíveis e impossíveis, alcançar algum degrau totalmente insignificante para vossa verdadeira ascensão espiritual!
Abandonai tal brincadeira que rouba o tempo e que já tantas vezes se transformou em tormentos mortificantes, que nada mais significa do que as autofustigações e flagelações de outrora nos conventos. É apenas uma outra forma delas, a qual tampouco poderá vos trazer proveito.
Os chamados mestres e discípulos do ocultismo são modernos fariseus! Na mais fiel acepção do termo. Constituem legítimas reproduções dos fariseus do tempo de Jesus de Nazaré.
Lembrai-vos com alegria pura que podeis, sem nenhum esforço, através de vosso simples e bem-intencionado intuir e pensar, dirigir essa força única e gigantesca da Criação. Exatamente de acordo com a maneira de vosso intuir e de vossos pensamentos são então os efeitos dessa força. Atua por si, bastando apenas que a guieis. E isso se processa com toda a simplicidade e singeleza! Para tal não se faz necessária erudição, nem mesmo saber ler ou escrever. A cada qual de vós é dado em igual medida! Nisso não há diferença.
Assim como uma criança pode, brincando, ligar uma corrente elétrica, mexendo num interruptor, disso decorrendo efeitos incríveis, da mesma forma vos é presenteado o dom de guiar a força divina, através de vossos simples pensamentos. Vós podeis vos alegrar, podeis vos orgulhar, tão logo a utilizeis para o bem! Tremei, porém, se a desperdiçardes ou se a empregardes em coisas impuras! Pois não podeis fugir à lei da reciprocidade que está inserida na Criação. Mesmo que tivésseis as asas da aurora, alcançar-vos-ia a mão do Senhor, de cuja força com isso abusastes, onde quer que vos escondêsseis, e isso através desse efeito recíproco que atua naturalmente.
O mal é produzido pela mesma pura força divina, assim como o bem!
E essa maneira de utilização, deixada a critério de cada um, desta força de Deus uniforme, contém em si a responsabilidade da qual ninguém pode escapar. Por isso clamo a cada um que procura: “Conserva puro o foco dos teus pensamentos, com isso estabeleces a paz e és feliz!”
Regozijai-vos, ignorantes e fracos; pois vos é dado o mesmo poder que aos fortes! Não vos dificulteis, portanto, em demasia! Não vos esqueçais de que a pura e autônoma força de Deus flui também através de vós e que igualmente vós, como seres humanos, estais capacitados a dar a essa força uma determinada direção pela espécie de vossas intuições interiores, isto é, de vossa vontade, quer para o bem como para o mal, construindo ou devastando, trazendo alegria ou sofrimento!
Em virtude de existir apenas essa única força de Deus, esclarece-se também o mistério por que em cada séria luta final as trevas têm de retroceder diante da Luz, e o mal diante do bem. Se dirigirdes a força de Deus no sentido do bem, ela permanece, sem turvação, em sua pureza original e desenvolve desse modo uma força muito maior, ao passo que com a turvação para o impuro se processa ao mesmo tempo um enfraquecimento. Assim, numa luta final, a pureza da força terá sempre efeitos concretos e decisivos.
O que vem a ser bem e mal, cada um sente até nas pontas dos dedos, sem explicações. Cismar a tal respeito só traria confusões. Entregar-se a cismas é desperdício de energias, é como um pântano, um brejo viscoso, que, imobilizando, envolve e asfixia tudo o que está ao seu alcance. Alegria radiante, porém, rompe as barreiras do cismar. Não tendes necessidade de ser tristes e oprimidos! A todo momento podeis iniciar a escalada para as alturas e reparar o passado, seja ele qual for! Não façais nada mais do que pensar no fato de que a pura força de Deus vos perflui continuamente, então vós próprios temereis dirigir essa pureza para canais imundos de maus pensamentos, porque sem qualquer esforço podeis alcançar da mesma maneira o mais elevado e o mais nobre. Precisais apenas dirigir, a força então atuará por si mesma, na direção por vós desejada.
Tendes assim nas próprias mãos a felicidade ou a infelicidade. Erguei, portanto, orgulhosamente a cabeça e livre e destemidamente a fronte. O mal não pode se aproximar, se não o chamardes! Conforme vós optardes, assim suceder-vos-á!


Quem não se esforça para compreender direito a Palavra do Senhor, torna-se culpado!