sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Intuição




 Intuição




Cada intuição forma imediatamente uma imagem. Nessa formação de imagem participa o cerebelo, que deve ser a ponte da alma para o seu domínio do corpo. É aquela parte do cérebro que vos transmite o sonho. Essa parte encontra-se, por sua vez, em ligação com o cérebro anterior, de cuja atividade se originam os pensamentos, mais ligados a espaço e tempo, dos quais, por fim, é composto o intelecto.
Agora, atentai bem ao processo evolutivo! Podeis aí distinguir nitidamente quando a intuição vos fala por meio do espírito, ou o sentimento por meio do intelecto!
A atividade do espírito humano provoca no plexo solar a intuição e impressiona com isso, concomitantemente, o cerebelo. O efeito do espírito. Portanto, uma onda de força que parte do espírito. Essa onda o ser humano intui naturalmente lá, onde o espírito dentro da alma se acha em ligação com o corpo, no centro do assim chamado plexo solar, que transmite o movimento para o cerebelo, o qual com isso fica impressionado. Esse cerebelo forma, segundo a determinada espécie da impressão diferente, igual a uma chapa fotográfica, a imagem do acontecimento desejado pelo espírito, ou que o espírito formou com sua poderosa força, através de sua vontade. Uma imagem sem palavras! O cérebro anterior recebe então essa imagem e procura descrevê-la com palavras, com o que se dá a geração dos pensamentos que chegam então à expressão na linguagem.
O fenômeno todo é na realidade muito simples. Quero repetir mais uma vez: o espírito, com o auxílio do plexo solar, impressiona a ponte a ele dada, imprime, portanto, uma determinada vontade em ondas de força no instrumento a ele dado para tanto, o cerebelo, que logo retransmite ao cérebro anterior o que recebeu. Nesse retransmitir já se processou uma pequena modificação pela compressão, visto que o cerebelo acrescenta algo de sua própria espécie. Como elos articulados de uma corrente, assim atuam os instrumentos no corpo humano, os quais estão à disposição do espírito para utilização. Todos eles agem, porém, apenas formando, não podem diferentemente. Tudo quanto lhes é transmitido, eles formam de acordo com sua própria espécie peculiar. Dessa maneira, também o cérebro anterior recebe a imagem transmitida pelo cerebelo e, de acordo com sua espécie um pouco mais grosseira, comprime-a pela primeira vez em conceitos mais restritos de espaço e tempo, com isso, torna-a mais densa e a faz chegar assim ao mundo fino material, já mais palpável, das formas de pensamentos. Logo a seguir, porém, já forma também palavras e frases, que, então, por meio dos órgãos da linguagem, penetram como ondas sonoras formadas na fina matéria grosseira, para aí, por sua vez, provocar um novo efeito, o qual acarreta o movimento dessas ondas. A palavra falada é, portanto, uma manifestação das imagens por meio do cérebro anterior. Este, porém, também pode dar a direção da manifestação, em vez de aos órgãos da linguagem, aos órgãos da movimentação, pelo que se origina, em lugar da palavra, a escrita ou a ação.
Esse é o curso normal da atividade do espírito humano, desejada pelo Criador, na matéria grosseira.
É o caminho certo que teria conduzido ao sadio desenvolvimento posterior na Criação, pelo qual nem era possível um perder-se para a humanidade.
No entanto, o ser humano saiu voluntariamente dessa via, que lhe foi prescrita pela constituição do corpo. Com teimosia, interferiu no curso normal da corrente de seus instrumentos, fazendo do intelecto o seu ídolo. Dessa maneira, lançou toda a energia sobre a educação do intelecto, unilateralmente, apenas sobre esse único ponto. O cérebro anterior, como gerador, foi forçado desproporcionalmente em relação aos demais instrumentos cooperadores. Isso naturalmente se vingou. O funcionamento uniforme e conjunto de todos os elos individuais foi derrubado e tolhido, com isso também qualquer desenvolvimento correto. O esforço máximo somente do cérebro anterior durante milênios provocou seu crescimento muito além de tudo o mais. A conseqüência é a repressão forçada da atividade de todas as partes negligenciadas que, pela menor utilização, tinham de ficar mais fracas. A isso pertence em primeira linha o cerebelo, que é o instrumento do espírito. Disso decorre que a atividade do verdadeiro espírito humano não somente ficou fortemente impedida, mas muitas vezes interceptada e desligada totalmente. A possibilidade de correto intercâmbio com o cérebro anterior, através da ponte do cerebelo, está enterrada, ao passo que uma ligação direta do espírito humano com o cérebro anterior fica totalmente excluída, visto que sua constituição não é absolutamente adequada para isso. Depende totalmente do pleno funcionamento do cerebelo, em cuja sucessão se encontra, de acordo com a vontade de Deus, se quiser cumprir corretamente a função que lhe compete. Para receber as vibrações do espírito, é necessária a espécie do cerebelo. Isso não pode ser contornado; pois o cérebro anterior, já pela atividade, tem de preparar a transição para a matéria fina e a fina matéria grosseira e, por isso, é também de constituição completamente diferente, muito mais grosseira.
No cultivo unilateral do cérebro anterior encontra-se, pois, o pecado hereditário do ser humano terreno contra Deus, ou, expresso de modo mais nítido, contra as leis divinas, as quais estão estabelecidas na distribuição correta de todos os instrumentos corpóreos, da mesma forma como em toda a Criação. A observação da distribuição correta também teria trazido em si o caminho certo e reto para a ascensão do espírito humano. Assim, no entanto, o ser humano, em sua presunção ambiciosa, interferiu nas malhas do atuar sadio, separou uma parte disso e cuidou dela de modo especial, não atentando às demais. Isso tinha de implicar em desigualdade e estagnação. Mas, se o curso do processo natural for impedido desse modo, então a doença, o falhar e, por último, uma emaranhada confusão e ruína terão de ser a absoluta conseqüência.
Aqui, no entanto, não entra em consideração apenas o corpo, mas em primeira linha o espírito! Com esse abuso do cultivo desigual de ambos os cérebros, o cérebro posterior, no decorrer dos milênios, foi oprimido pela negligência, e com isso o espírito impedido em sua atividade. Tornou-se pecado hereditário, porque, com o tempo, o cultivo excessivo e unilateral do cérebro anterior já é transmitido a cada criança, como herança grosso-material, pelo que já de antemão dificulta-lhe incrivelmente o despertar e o fortalecimento espiritual, porque a ponte do cérebro posterior, indispensável para tanto, não lhe ficou mais tão facilmente transitável e mui freqüentemente foi até cortada.
A criatura humana nem sequer pressente que ironia gravemente condenatória há nas expressões criadas por ela própria “cérebro e cerebelo”! Essa acusação não pode ser formulada de modo mais terrível contra o seu abuso da determinação divina! Ela caracteriza com isso exatamente o pior de sua culpa terrena, uma vez que com criminosa teimosia mutilou de tal modo o instrumento fino do corpo de matéria grosseira, o qual deve auxiliá-la nesta Terra, que este não somente não pode servir-lhe assim como foi previsto pelo Criador, mas tem de conduzi-la até as profundezas da perdição! Com isso, pecaram muito pior do que beberrões ou aqueles que destroem seu corpo ao entregar-se a todas as paixões!
E, além disso, ainda têm a arrogância de querer que Deus deva tornar-se-lhes de tal modo compreensível, que eles, no invólucro arbitrariamente torcido de seu corpo, também possam compreender! Por cima desse crime já praticado, ainda essa exigência!
Em desenvolvimento normal, a criatura humana teria podido escalar os degraus para a altura luminosa de maneira fácil e cheia de alegria, se não tivesse interferido na obra de Deus com mão criminosa! Maldição sobre ela, se agora não segurar, cheia de gratidão, a última âncora de salvação! Perdição sobre ela, para que não possa tramar e disseminar ainda mais desgraça e pecados, e espalhar sofrimento sobre os próximos, como aconteceu até agora! Não era possível de outra forma, senão que tais aleijados cerebrais caíssem em megalomania insana, que ainda hoje possuem no mais alto grau! O ser humano do futuro terá cérebros normais que, trabalhando uniformemente, apoiar-se-ão então mutuamente, somente de modo harmonioso. O cérebro posterior, o qual se chama cerebelo, porque foi atrofiado, robustecer-se-á então, porque chegará à atividade certa, até ficar em relação correta com o cérebro anterior. Então, haverá novamente harmonia, e o tolhido, doentio, terá de desaparecer!
Agora, sigamos para as demais conseqüências do modo de vida tão errado de até então: o cérebro posterior, demasiadamente pequeno na relação, também dificulta aos que hoje procuram de modo realmente sincero distinguir o que neles é legítima intuição e o que é simplesmente sentimento. Eu já disse anteriormente: o sentimento é gerado pelo cérebro anterior, quando seus pensamentos atuam sobre os nervos do corpo que, irradiando retroativamente, impõem ao cérebro anterior o estímulo da assim chamada fantasia.
Fantasia são imagens criadas pelo cérebro anterior. Não podem ser comparadas às imagens formadas pelo cerebelo sob pressão do espírito! Temos aqui a diferença entre a expressão da intuição como a conseqüência de uma atuação do espírito, e os resultados dos sentimentos provenientes dos nervos corpóreos. Ambos produzem imagens, que para os leigos são difíceis ou até impossíveis de distinguir, apesar de existir aí uma diferença tão enorme. As imagens da intuição são legítimas e contêm força viva, porém, as imagens do sentimento, a fantasia, são simulações de uma força emprestada.
A diferença, porém, é fácil para quem conhece o processo evolutivo na Criação inteira e, então, observa-se a si próprio de modo rigoroso.
Nas imagens da intuição, da atividade do cerebelo como ponte para o espírito, surge primeiro a imagem imediatamente, e só depois se transforma em pensamentos, pelo que a vida afetiva do corpo fica então influenciada pelos pensamentos.
No entanto, nas imagens geradas pelo cérebro anterior dá-se o contrário. Aí os pensamentos têm de anteceder, a fim de estabelecer as bases das imagens. Mas tudo isso se passa tão depressa, que quase parece uma só coisa. Com um pouco de prática no observar, contudo, a pessoa pode, em pouco tempo, distinguir com exatidão de que espécie é o fenômeno.
Uma outra conseqüência desse pecado hereditário é a confusão dos sonhos! Por esse motivo, as pessoas hoje não podem mais dar aos sonhos aquele valor que lhes caberia, propriamente. O cerebelo normal transmitiria os sonhos, influenciado pelo espírito, de maneira clara e não confusa. Quer dizer, nem seriam sonhos, mas um vivenciar do espírito, que é acolhido e retransmitido pelo cerebelo, enquanto o cérebro anterior repousa em sono. A atual força dominadora do cérebro anterior ou diurno, porém, exerce também durante a noite sua influência, irradiando sobre o sensível cérebro posterior. Este, em seu enfraquecido estado atual, acolhe as fortes irradiações do cérebro anterior, simultaneamente com as vivências do espírito, com o que se origina uma mistura, semelhante à exposição dupla de uma chapa fotográfica. Isso resulta, então, nos sonhos confusos atuais.
A melhor prova disso é que, muitas vezes, também surgem nos sonhos palavras e frases, que  se originam da atividade do cérebro anterior, o único a formar palavras e frases, por estar mais intimamente ligado a espaço e tempo.
Por essa razão, o ser humano agora também não está mais acessível, ou só precariamente, a advertências e ensinamentos espirituais através do cérebro posterior, e devido a isso muito mais exposto a perigos, dos quais, em caso contrário, poderia desviar-se pelas advertências espirituais!
Assim existem, além dessas mencionadas conseqüências más, muitas outras, que a interferência do ser humano nas determinações divinas trouxe consigo; pois na realidade todo o mal se originou somente desse único falhar hoje tão visível a qualquer um, que foi tão-só um fruto da vaidade, que se originou devido ao aparecimento da mulher na Criação.
Liberte-se, portanto, o ser humano finalmente das conseqüências do mal hereditário, se não quiser se perder.
Tudo, evidentemente, requer esforço, assim também isto. O ser humano deve, sim, despertar de seu comodismo, para tornar-se finalmente aquilo que já deveria ter sido desde o início! Favorecedor da Criação e mediador de Luz para toda criatura!
Mensagem do Graal de Abdrushin


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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Os problemas metafísicos

                             
 

                              PARÁBOLA

             OS PROBLEMAS METAFÍSICOS

Certa ocasião, Buda estava no Bosque de Jeta, junto à cidade de Saravasti. Um monge de nome Malunkya veio ter com ele, parecendo bastante preocupado. Ele se afligia com o fato de Buda jamais responder às seguintes questões, amplamente ventiladas pelos pensadores de sua época:

1 – O mundo é finito ou infinito?

2 – Corpo e espírito são uma coisa só ou duas coisas separadas?

3 – O homem tem uma vida de além-túmulo?

Malunkya, que gostava de Filosofia, estava bastante aborrecido por Buda não tratar destas questões, e disse-lhe: – Ó Perfeito! Se não responderes a minhas dúvidas, deixarei a Comunidade e voltarei à vida mundana.

Buda responde-lhe da seguinte maneira:

Malunkya: certa vez um homem foi ferido por uma seta envenenada. Os amigos correram a buscar um médico, mas o ferido disse que só consentiria que lhe extraíssem a seta e o tratasse, depois de lhe explicarem quem atirou a seta, com que arco ela foi lançada, qual sua forma, etc.
Que terá acontecido a ele? Certamente há de ter morrido antes de ver esclarecidas suas dúvidas. – Malunkya: da mesma forma, respostas a perguntas acerca do caráter finito ou infinito do universo, da natureza da alma, etc., não nos libertam do sofrimento. Precisamos libertar-nos do sofrimento nesta mesma vida. Por isso, Malunkya, não te preocupes com as questões que não ensino.
Preocupa-te com as que ensino, que são:
a  Existência do Sofrimento, a Origem do Sofrimento, a Cessação do Sofrimento e o Caminho da Cessação do Sofrimento.
Fonte: Textos Budistas e Zen Budistas – Ed. Cultrix.
site: www.estaremsi.com.br

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?

O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?

Como uma noite profunda, paira sobre esta Terra a escuridão de matéria fina! Já há muito tempo. Mantém a Terra em um cerco sufocante, tão denso e compacto, que cada intuição luminosa que tenta subir assemelha-se a uma chama que, por falta de oxigênio, perde a força e logo, minguando, extingue-se em si mesma. Terrível é esse estado da matéria fina que atualmente se manifesta com seus piores efeitos. Quem pudesse contemplar apenas por cinco segundos tais acontecimentos, a este o pavor roubaria toda a esperança de salvação! —

E tudo isso foi ocasionado por culpa da própria humanidade. Por culpa da propensão para o que é baixo. Assim a humanidade tornou-se, por si própria, sua maior inimiga. Até mesmo os poucos, que de novo aspiram com sinceridade às alturas, correm agora o perigo de serem arrastados juntos para as profundidades, ao encontro das quais os outros amadurecem agora com sinistra rapidez.
Dá-se como que um enlaçamento a que se segue forçosamente a absorção mortal. Absorção para o pântano abafadiço e visguento, onde tudo submerge silenciosamente. Não é mais um lutar, e sim apenas ainda um silencioso, mudo e sinistro estrangular.

E o ser humano não reconhece isso. A preguiça espiritual torna-o cego ante o fenômeno funesto.
O pântano, porém, envia continuamente suas emanações venenosas que acabam fatigando lentamente os ainda fortes e despertos, a fim de que também eles, adormecendo, submirjam juntos, sem forças.
Eis como é atualmente nesta Terra. Não é um quadro que com isso estou apresentando, mas sim vida! Como tudo quanto é matéria fina tem formas criadas e vivificadas pelas intuições das criaturas humanas, tal processo desenrola-se de fato, continuamente. E esse é o ambiente que aguarda as pessoas quando elas têm de sair desta Terra, e não podem ser conduzidas para os páramos mais luminosos e mais belos.
Entretanto, as trevas concentram-se cada vez mais.

Aproxima-se, por isso, a época em que esta Terra, por um espaço de tempo, deve permanecer entregue ao domínio das trevas, sem auxílio direto da Luz, porque a humanidade forçou isso com sua vontade. As conseqüências de sua vontade, na maioria, tiveram de provocar esse fim. – Trata-se do tempo que a João foi permitido ver, outrora, em que Deus encobre Seu semblante. —

A noite estende-se em redor. Todavia, no auge das aflições, quando tudo, até mesmo o que é melhor, está ameaçado de submergir, irrompe então simultaneamente também a aurora! Mas a aurora traz primeiramente as dores de uma grande purificação, que é inevitável, antes que possa começar a salvação de todos os que buscam com sinceridade; pois não poderá ser estendida a mão em auxílio aos que aspiram a coisas baixas! Devem cair até aos abismos aterrorizantes, onde unicamente ainda poderão ter a esperança de despertar através de tormentos, os quais deverão provocar nojo de si próprios. Os que até agora, zombando, aparentemente impunes, podiam criar obstáculos para aqueles que se esforçam rumo às alturas tornar-se-ão calados e mais pensativos, até que finalmente, com lamentos e rogos, suplicarão pela Verdade.
Então não lhes será assim tão fácil, serão conduzidos incessantemente pelas mós das férreas leis da justiça divina, até que, através da vivência, cheguem ao reconhecimento de seus erros. —

Durante as minhas viagens pude reconhecer que com minha Palavra foi lançado um facho aceso entre os apáticos espíritos humanos, a qual esclarece que pessoa alguma pode dizer que traz consigo algo de divino, ao passo que, exatamente agora, em muitos trabalhos se visa descobrir Deus dentro de si, para com isso finalmente também se tornar Deus!

Por isso, inquietação foi despertada muitas vezes com a minha Palavra, a humanidade, revoltando-se, quer reagir a isso, porque só quer ouvir palavras soporíferas e tranqüilizadoras, que lhe pareçam agradáveis!
Os que se revoltam dessa maneira são apenas covardes, que preferem esconder-se de si mesmos, somente para ficarem na penumbra, onde podem sonhar, tão bela e tranqüilamente, conforme seus próprios desejos.
Não é qualquer um que suporta ser exposto à Luz da Verdade, a qual mostra de modo nítido e sem compaixão os defeitos e as manchas das vestes.

Com sorrisos, zombarias ou mediante hostilidade, querem tais impedir o dia vindouro, que deixa reconhecer claramente os pés de barro da construção insustentável do ídolo “eu”. Tais insensatos brincam apenas de festas de máscaras consigo mesmos, às quais seguir-se-á implacavelmente a sombria quarta-feira de cinzas. Com suas falsas opiniões querem apenas endeusar-se a si próprios e dessa maneira sentem-se terrenamente bem e sossegados. Consideram por isso de antemão como inimigo aquele que lhes perturba esse sossego preguiçoso!

Toda essa revolta, todavia, de nada lhes adianta desta vez!
O auto-endeusamento, que se encontra na afirmativa de que existe algo de divino no ser humano, é um tatear sujo em direção à sublimidade e à pureza de vosso Deus, que com isso macula o que para vós há de mais sacrossanto, para o que levantais os olhos na mais bem-aventurada confiança! —
Em vosso íntimo acha-se um altar que deve servir para a adoração de vosso Deus. Esse altar é a vossa faculdade intuitiva. Se ela for pura, tem ligação direta com o espiritual e, com isso, com o Paraíso! Há então momentos em que também vós podeis intuir plenamente a proximidade de vosso Deus, conforme muitas vezes se dá na mais profunda dor e na maior alegria!

Então intuireis Sua proximidade, de idêntico modo como a vivenciam permanentemente no Paraíso os eternos puro-espirituais, com os quais sois intimamente ligados em tais momentos. A vibração forte proveniente do alvoroço da alegria intensa, bem como a da dor profunda, afasta momentaneamente para longe tudo quanto é terreno e inferior, e com isso fica livre a pureza da intuição, formando imediatamente a ponte com a pureza de igual espécie que vivifica o Paraíso!

É esta a maior felicidade do espírito humano, dessa coroa de toda a Criação. Os eternos no Paraíso vivem nela permanentemente. Ela traz a maravilhosa certeza de encontrar-se abrigado. Eles estão então plenamente conscientes da proximidade de seu grandioso Deus, em cuja força se encontram, mas também reconhecem como evidente que se encontram em sua altitude máxima, e que nunca poderão ser capazes de contemplar Deus.

Isso não os oprime, pois no reconhecimento de Sua inacessível grandeza sentem jubilosa gratidão por Sua graça indescritível, que Ele sempre deixou atuar em relação à pretensiosa criatura.
E essa felicidade o ser humano terreno já pode usufruir. Está totalmente correto, quando se diz que o ser humano aqui na Terra sente, em momentos solenes, a proximidade de seu Deus. Mas passará a ser blasfêmia, se, com base nessa maravilhosa ponte do tornar-se consciente da proximidade de Deus, querer afirmar que possuem, eles próprios, uma centelha da divindade em seu íntimo.

De mãos dadas com essa afirmação segue também a degradação do amor divino. Como se pode medir o amor de Deus com a medida de um amor humano? Mais ainda, colocá-lo até no valor abaixo desse amor humano? Reparai nos seres humanos que imaginam o amor divino como o ideal mais sublime, sofrendo silenciosamente e, além disso, perdoando tudo! Querem reconhecer algo de divino nisso, no fato de tolerar todas as impertinências das criaturas bem inferiores, como somente acontece com o pior fracalhão, bem como com o mais covarde ser humano, que por isso é desprezado. Refleti, pois, sobre o ultraje monstruoso que nisso está ancorado!

Os seres humanos querem pecar sem receber punição, para finalmente com isso proporcionar uma alegria a seu Deus, permitindo que Ele lhes perdoe as culpas sem qualquer penitência própria! Supor tal coisa implica uma desmedida estreiteza, preguiça condenável ou o reconhecimento da própria fraqueza sem esperança em relação à boa vontade para a ascensão: uma coisa é tão condenável quanto a outra.

Imaginai o amor divino! Límpido como cristal, radiante, puro e imenso! Podeis imaginar então que ele possa ser tão sentimentalmente fraco, degradantemente complacente, como os seres humanos tanto o querem? Querem construir uma grandeza errônea lá, onde desejam fraqueza, apresentam um quadro falso, apenas para enganar ainda um pouco a si mesmos, para tranqüilizarem-se a respeito da própria imperfeição, que os deixa diligentemente a serviço das trevas. Onde se encontram aí a limpidez e a força que incondicionalmente fazem parte da pureza cristalina do amor divino? O amor divino é inseparável da máxima severidade da justiça divina. É ela mesma até. Justiça é amor e amor, outrossim, somente reside na justiça. Nela somente é que reside também o perdão divino.

Está certo quando as igrejas dizem que Deus perdoa tudo! E realmente perdoa! Ao contrário dos seres humanos que, mesmo quando alguém tenha expiado uma insignificante culpa, consideram-no continuamente indigno e, com tal espécie de pensamento, sobrecarregam-se duplamente, por não agirem nisso segundo a vontade de Deus. Aqui falta justiça ao amor dos seres humanos.

O efeito da vontade criadora divina purifica cada espírito humano de sua culpa, no próprio vivenciar ou por meio de voluntária correção, tão logo ele se esforce para cima.
Saindo dessas mós na materialidade, de volta ao espiritual, encontra-se então puro no reino de seu Criador, não importa o que tenha errado antes! Encontra-se tão puro como aquele que nunca errou. No entanto, devido ao efeito das leis divinas, tem de percorrer antes o seu caminho, e nesse fato se encontra a garantia do perdão divino, da Sua graça!

Não se ouve hoje em dia tantas vezes a pergunta atônita: Como puderam ocorrer esses anos de tanta aflição com a vontade de Deus? Onde está nisso o amor, onde a justiça? Indaga a humanidade, indagam as nações, muitas vezes as famílias e até mesmo o ser humano individual! Não seria isso antes a prova de que o amor de Deus seja talvez diferente do que tantos gostariam de pensar? Tentai, pois, considerar uma vez o amor de Deus que tudo perdoa, assim, até o fim, conforme se esforçam obstinadamente por apresentá-lo! Sem penitência própria, tudo consentindo e por último ainda perdoando generosamente. Deverá ser um deplorável resultado! Cuida-se o ser humano tão valioso, que o seu Deus deva sofrer com isso? Mais valioso, por conseguinte, do que Deus? Quanto reside nessa arrogância dos seres humanos. —
Ao refletir serenamente, tereis de tropeçar em milhares de empecilhos e só podereis então chegar a uma conclusão, se diminuirdes Deus e O tornardes imperfeito.

Entretanto, Ele foi, e é e será perfeito, independentemente do modo como os seres humanos aceitam esse fato.

O Seu perdão repousa na justiça. Não de outra forma. E é nessa justiça inexorável que repousa também unicamente o grande e até agora tão mal compreendido amor!
Desabituai-vos de medir conforme critérios terrenos. A justiça de Deus e o amor de Deus destinam-se ao espírito humano. A matéria nada tem a ver com isso. Ela é apenas moldada pelo próprio espírito humano, e sem espírito ela não tem vida.

Como vos atormentais tantas vezes com ninharias puramente terrenas, que considerais como pecado e que não o são absolutamente.
Somente aquilo que o espírito quer, em uma atuação, é determinante para as leis divinas na Criação. Mas essa vontade espiritual não é atividade de pensamentos, mas sim o intuir mais íntimo, a vontade propriamente dita no ser humano, a qual unicamente pode pôr em movimento as leis do Além e que também as coloca naturalmente em movimento.

O amor divino não se deixa rebaixar pelos seres humanos; pois nele repousam na Criação também as leis férreas de Sua vontade, a qual é conduzida pelo amor. E essas leis atuam de tal modo, conforme o ser humano nelas se comporta. Podem ligá-lo até a proximidade de seu Deus ou constituir uma parede divisória, que nunca poderá ser destruída, a não ser, finalmente, pela adaptação da criatura humana, o que equivale a obedecer, no que unicamente ele pode encontrar sua salvação, sua felicidade. É uma peça homogênea, a grande obra não apresenta falhas, nenhuma fenda. Qualquer tolo, qualquer insensato, que queira diferentemente, arrebentará a cabeça com isso. —

O amor divino só proporciona nisso o que é de proveito a cada espírito humano, e não o que lhe cause alegria na Terra e pareça agradável. A sua atuação vai muito mais além, porque domina toda a existência. —
Muitos seres humanos freqüentemente pensam agora: Se realmente devem ser esperados dissabores, catástrofes, para provocar uma grande purificação, então Deus deve ser tão justo e enviar antes pregadores de penitências. O ser humano tem, pois, de ser advertido com antecedência. Onde está João, para anunciar o que está para vir?

São desditosos em irreflexão, que deve parecer grande! Somente a arrogância de um vazio ilimitado se esconde atrás de tais clamores. Pois iriam fustigá-lo e jogá-lo na prisão!
Abri, portanto, os olhos e os ouvidos! Os fenômenos naturais e catástrofes, que estão aumentando, não são advertências suficientemente severas? As situações na Rússia e na China não falam uma linguagem séria? Mesmo os alemães das regiões fronteiriças enviam muitas vezes suas lamentações sob o flagelo de seus, de nossos inimigos! No entanto, passa-se dançando por sobre toda aflição e calamidades de seu semelhante, levianamente! Não se quer ver nem ouvir! —

Também já há dois mil anos precedeu um pregador de penitências, o Verbo feito carne seguiu-o logo após. Mas as criaturas humanas empenharam-se diligentemente em apagar novamente o brilho límpido do Verbo, em escurecê-lo, para que a força de atração de seu fulgor se fosse extinguindo pouco a pouco. —
E todos aqueles que quiserem libertar o Verbo do emaranhado de liames, logo terão de sentir como os mensageiros das trevas se esforçam obstinadamente para impedir qualquer despertar jubiloso!

Hoje, porém, não se repete mais nenhum acontecimento como no tempo de Cristo! Aí veio o Verbo! A humanidade tinha seu livre-arbítrio e decidiu-se naquele tempo principalmente pela recusa, pela condenação! Dessa época em diante as pessoas ficaram então subjugadas às leis que naturalmente se incorporaram ao livre-arbítrio assim exercido outrora. Os seres humanos acharam depois no caminho por eles escolhido todos os frutos de sua própria vontade.

Em breve, fechar-se-á então o círculo. Acumula-se cada vez mais e represa-se como um dique, que breve ruirá sobre a humanidade, que em embotamento espiritual vive aí de modo ignorante. No final, na época da realização, os seres humanos naturalmente não disporão mais da livre escolha!
Eles terão então de colher o que semearam outrora e também nos ulteriores caminhos falsos.

Todos estão encarnados hoje novamente nesta Terra para o ajuste de contas, os quais no tempo de Cristo rejeitaram a Palavra. Hoje não têm mais o direito a advertências prévias e a nova decisão. Nesses dois mil anos dispuseram de tempo suficiente, para mudar de opinião! Também todo aquele que aceita uma falsa interpretação de Deus e de Sua Criação e não se esforça por assimilá-la com mais pureza, este não a acolheu. É muito pior até, uma vez que uma crença errada impede de assimilar a Verdade.

Ai, porém, daquele que falseia ou altera a Verdade, para assim obter prestígio, porque em forma mais cômoda é também mais agradável aos seres humanos. Sobrecarrega-se não somente com a culpa da falsificação e de conduzir erroneamente, como também assume toda a responsabilidade por aqueles que conseguiu atrair a si, ao proporcionar maior comodismo e facilidades. Nenhum auxílio então lhe será prestado, quando soar a hora da retribuição. Despencará para abismos que nunca poderão devolvê-lo, e com razão! – Também isto João pôde ver e disso advertir em sua revelação.

E quando começar a grande purificação, não restará dessa vez ao ser humano tempo de se revoltar e muito menos de se opor aos acontecimentos. As leis divinas, das quais o ser humano tanto gosta de fazer uma idéia falsa, agirão então inexoravelmente.
Será exatamente no momento em que se passarem os fatos mais terríveis que a Terra já presenciou, que a humanidade irá aprender finalmente que o amor divino está muito longe da moleza e da fraqueza que ela ousou atribuir-lhe.

Mais da metade de todos os seres humanos da atualidade sequer pertence a esta Terra!
Já desde milênios essa humanidade caiu de tal modo, vive tão fundo na escuridão que, em seu querer impuro, estendeu muitas pontes a esferas escuras, situadas muito abaixo deste plano terreno. Lá vivem profundamente decaídos, cujo peso de matéria fina nunca permitiu a possibilidade de subir para este plano terreno.

Nisso residiu proteção para todos os que vivem sobre a Terra, bem como para aqueles trevosos. Acham-se separados pela lei natural de gravidade da matéria fina. Os que se acham lá embaixo podem exacerbar suas paixões, todas as baixezas, sem com isso provocar danos. Pelo contrário. Seu desenfreado modo de viver atinge lá somente os de igual espécie, identicamente como o modo de viver destes também os ataca. Com isso sofrem mutuamente, o que leva ao amadurecimento e não ao aumento da culpa. Pois, pelo sofrimento pode vir a ser despertado um dia o nojo de si próprio, e com o nojo também o desejo de sair desse reino. Tal desejo faz nascer com o tempo o mais doloroso desespero, que pode acarretar, por fim, as mais veementes súplicas e com isto a vontade sincera de melhorar.

Assim devia acontecer. Entretanto, pela vontade errônea dos seres humanos, aconteceu diferentemente!
As criaturas humanas lançaram, por meio de sua vontade tenebrosa, uma ponte até a região das trevas. Com isso estenderam as mãos aos que lá vivem, possibilitando assim, por meio da força de atração da igual espécie, que subissem para a Terra. Aqui encontraram naturalmente também oportunidade para a nova encarnação, fato esse que para eles ainda não estava previsto, segundo o curso normal dos acontecimentos universais.

Pois, no plano terreno, onde por intermédio da matéria grosseira podem conviver com seres mais luminosos e melhores, eles só conseguem causar danos e sobrecarregam-se desta forma com novas culpas. Não podem fazer isso em seus domínios inferiores; pois sua vileza só pode ser útil aos seus semelhantes, porque nisso por fim apenas reconhecem-se a si próprios e aprendem a enojar-se disso, o que contribui para uma melhoria.

Esse caminho normal de toda a evolução foi assim perturbado pela criatura humana, devido à baixa utilização de seu livre-arbítrio, com o que formou pontes de matéria fina até os domínios das trevas, de modo que os que até lá afundaram puderam ser arremessados qual um bando para o plano terreno, os quais, triunfando, povoam agora sua maior parte.

Como as almas luminosas têm de ceder lugar às trevas, lá onde quer que estas se instalem com firmeza, foi fácil, portanto, àquelas almas mais escuras, que de modo indevido atingiram o plano terreno, encarnarem-se às vezes, também, lá onde de outro modo somente teria entrado uma alma luminosa. A alma escura encontrou, assim, através de alguém do ambiente da futura mãe, um apoio que lhe possibilitou manter-se e afastar o luminoso, mesmo que a mãe ou o pai pertençam aos mais luminosos.

Explica-se, assim, também o enigma de poderem chegar muitas vezes ovelhas negras para pais bons. Se, porém, uma futura mãe estiver mais vigilante com relação a si própria, como também a seu ambiente mais próximo e suas relações sociais, então isto não pode acontecer.
Portanto, nisso há de se reconhecer somente amor, quando os efeitos finais das leis, com plena justiça, finalmente varrerem os que não pertencem ao plano terreno, de modo que eles se precipitem àquele reino das trevas a que pertencem por sua espécie. Dessa forma não mais poderão estorvar a escalada dos mais luminosos e acumular novas culpas sobre si próprios, pelo contrário, talvez ainda amadurecer no nojo de seu próprio vivenciar. — —

Tempo virá, sem dúvida, em que os corações de todos os seres humanos serão tocados com punhos férreos, quando com terrível inexorabilidade será extirpada a arrogância espiritual de cada criatura humana. Então cairá também toda a dúvida, que impede agora o espírito humano no reconhecimento de que o divino não existe dentro dele, e sim muito acima dele. E que só pode estar como a imagem mais pura no altar de sua vida íntima, para a qual levanta o olhar em humilde oração. —

Não é erro, mas sim culpa, sempre que um espírito humano declara também querer ser divino. Uma tal presunção deverá acarretar sua queda; pois equivale a uma tentativa de arrancar o cetro da mão de seu Deus e de rebaixá-Lo ao mesmo degrau em que se encontra o ser humano, e cujo degrau ele nem sequer conseguiu preencher até agora, por querer vir a ser mais, voltando seu olhar para altitudes que nunca poderá atingir, nem sequer reconhecer. Com isso, desatento, não viu toda realidade, não se tornou somente inútil na Criação, mas muito pior, tornou-se nocivo!

Por fim lhe será demonstrado com sinistra nitidez, ocasionado pela sua própria disposição falsa, que ele, em sua atual constituição tão profundamente decaída, não significa sequer a sombra de uma divindade. Todo o tesouro do saber terreno, que ele acumulou penosamente em milênios, reduzir-se-á então a nada perante o olhar apavorado de seus olhos, vivenciará em si, desamparado, como os frutos de suas aspirações terrenas unilaterais tornam-se inúteis, às vezes até mesmo uma maldição para ele. Então, poderá lembrar-se de sua própria divindade, se conseguir! — —

De modo grave retumbará em seus ouvidos: De joelhos, criatura, diante de teu Deus e Senhor! Não tentes injuriosamente arvorar-te a ti própria a Deus! — —
A excentricidade do preguiçoso espírito humano não prosseguirá. — —

Só então poderá essa humanidade pensar também em uma ascensão. E este será então também o tempo em que ruirá tudo o que não estiver em solo firme. As existências fictícias, os falsos profetas e associações que se formam ao redor destes, desmantelar-se-ão por si mesmas! Com isso também se tornarão evidentes os falsos caminhos de até então. E, satisfeitos consigo mesmos, muitos reconhecerão, atônitos, que se encontram rente a um abismo e, guiados erroneamente, deslizam rapidamente para baixo, enquanto supunham com orgulho já estarem elevando-se e aproximando-se da Luz! Que abriam portas de proteção, sem dispor de força suficiente para a defesa. Que atraíam perigos sobre si, que em um curso normal teriam sido transpostos por eles. Feliz daquele que então encontrar o caminho certo para a volta!

Mensagem do Graal de Abdrushin 
 volume 1   Na luz da Verdade