sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Intuição




 Intuição




Cada intuição forma imediatamente uma imagem. Nessa formação de imagem participa o cerebelo, que deve ser a ponte da alma para o seu domínio do corpo. É aquela parte do cérebro que vos transmite o sonho. Essa parte encontra-se, por sua vez, em ligação com o cérebro anterior, de cuja atividade se originam os pensamentos, mais ligados a espaço e tempo, dos quais, por fim, é composto o intelecto.
Agora, atentai bem ao processo evolutivo! Podeis aí distinguir nitidamente quando a intuição vos fala por meio do espírito, ou o sentimento por meio do intelecto!
A atividade do espírito humano provoca no plexo solar a intuição e impressiona com isso, concomitantemente, o cerebelo. O efeito do espírito. Portanto, uma onda de força que parte do espírito. Essa onda o ser humano intui naturalmente lá, onde o espírito dentro da alma se acha em ligação com o corpo, no centro do assim chamado plexo solar, que transmite o movimento para o cerebelo, o qual com isso fica impressionado. Esse cerebelo forma, segundo a determinada espécie da impressão diferente, igual a uma chapa fotográfica, a imagem do acontecimento desejado pelo espírito, ou que o espírito formou com sua poderosa força, através de sua vontade. Uma imagem sem palavras! O cérebro anterior recebe então essa imagem e procura descrevê-la com palavras, com o que se dá a geração dos pensamentos que chegam então à expressão na linguagem.
O fenômeno todo é na realidade muito simples. Quero repetir mais uma vez: o espírito, com o auxílio do plexo solar, impressiona a ponte a ele dada, imprime, portanto, uma determinada vontade em ondas de força no instrumento a ele dado para tanto, o cerebelo, que logo retransmite ao cérebro anterior o que recebeu. Nesse retransmitir já se processou uma pequena modificação pela compressão, visto que o cerebelo acrescenta algo de sua própria espécie. Como elos articulados de uma corrente, assim atuam os instrumentos no corpo humano, os quais estão à disposição do espírito para utilização. Todos eles agem, porém, apenas formando, não podem diferentemente. Tudo quanto lhes é transmitido, eles formam de acordo com sua própria espécie peculiar. Dessa maneira, também o cérebro anterior recebe a imagem transmitida pelo cerebelo e, de acordo com sua espécie um pouco mais grosseira, comprime-a pela primeira vez em conceitos mais restritos de espaço e tempo, com isso, torna-a mais densa e a faz chegar assim ao mundo fino material, já mais palpável, das formas de pensamentos. Logo a seguir, porém, já forma também palavras e frases, que, então, por meio dos órgãos da linguagem, penetram como ondas sonoras formadas na fina matéria grosseira, para aí, por sua vez, provocar um novo efeito, o qual acarreta o movimento dessas ondas. A palavra falada é, portanto, uma manifestação das imagens por meio do cérebro anterior. Este, porém, também pode dar a direção da manifestação, em vez de aos órgãos da linguagem, aos órgãos da movimentação, pelo que se origina, em lugar da palavra, a escrita ou a ação.
Esse é o curso normal da atividade do espírito humano, desejada pelo Criador, na matéria grosseira.
É o caminho certo que teria conduzido ao sadio desenvolvimento posterior na Criação, pelo qual nem era possível um perder-se para a humanidade.
No entanto, o ser humano saiu voluntariamente dessa via, que lhe foi prescrita pela constituição do corpo. Com teimosia, interferiu no curso normal da corrente de seus instrumentos, fazendo do intelecto o seu ídolo. Dessa maneira, lançou toda a energia sobre a educação do intelecto, unilateralmente, apenas sobre esse único ponto. O cérebro anterior, como gerador, foi forçado desproporcionalmente em relação aos demais instrumentos cooperadores. Isso naturalmente se vingou. O funcionamento uniforme e conjunto de todos os elos individuais foi derrubado e tolhido, com isso também qualquer desenvolvimento correto. O esforço máximo somente do cérebro anterior durante milênios provocou seu crescimento muito além de tudo o mais. A conseqüência é a repressão forçada da atividade de todas as partes negligenciadas que, pela menor utilização, tinham de ficar mais fracas. A isso pertence em primeira linha o cerebelo, que é o instrumento do espírito. Disso decorre que a atividade do verdadeiro espírito humano não somente ficou fortemente impedida, mas muitas vezes interceptada e desligada totalmente. A possibilidade de correto intercâmbio com o cérebro anterior, através da ponte do cerebelo, está enterrada, ao passo que uma ligação direta do espírito humano com o cérebro anterior fica totalmente excluída, visto que sua constituição não é absolutamente adequada para isso. Depende totalmente do pleno funcionamento do cerebelo, em cuja sucessão se encontra, de acordo com a vontade de Deus, se quiser cumprir corretamente a função que lhe compete. Para receber as vibrações do espírito, é necessária a espécie do cerebelo. Isso não pode ser contornado; pois o cérebro anterior, já pela atividade, tem de preparar a transição para a matéria fina e a fina matéria grosseira e, por isso, é também de constituição completamente diferente, muito mais grosseira.
No cultivo unilateral do cérebro anterior encontra-se, pois, o pecado hereditário do ser humano terreno contra Deus, ou, expresso de modo mais nítido, contra as leis divinas, as quais estão estabelecidas na distribuição correta de todos os instrumentos corpóreos, da mesma forma como em toda a Criação. A observação da distribuição correta também teria trazido em si o caminho certo e reto para a ascensão do espírito humano. Assim, no entanto, o ser humano, em sua presunção ambiciosa, interferiu nas malhas do atuar sadio, separou uma parte disso e cuidou dela de modo especial, não atentando às demais. Isso tinha de implicar em desigualdade e estagnação. Mas, se o curso do processo natural for impedido desse modo, então a doença, o falhar e, por último, uma emaranhada confusão e ruína terão de ser a absoluta conseqüência.
Aqui, no entanto, não entra em consideração apenas o corpo, mas em primeira linha o espírito! Com esse abuso do cultivo desigual de ambos os cérebros, o cérebro posterior, no decorrer dos milênios, foi oprimido pela negligência, e com isso o espírito impedido em sua atividade. Tornou-se pecado hereditário, porque, com o tempo, o cultivo excessivo e unilateral do cérebro anterior já é transmitido a cada criança, como herança grosso-material, pelo que já de antemão dificulta-lhe incrivelmente o despertar e o fortalecimento espiritual, porque a ponte do cérebro posterior, indispensável para tanto, não lhe ficou mais tão facilmente transitável e mui freqüentemente foi até cortada.
A criatura humana nem sequer pressente que ironia gravemente condenatória há nas expressões criadas por ela própria “cérebro e cerebelo”! Essa acusação não pode ser formulada de modo mais terrível contra o seu abuso da determinação divina! Ela caracteriza com isso exatamente o pior de sua culpa terrena, uma vez que com criminosa teimosia mutilou de tal modo o instrumento fino do corpo de matéria grosseira, o qual deve auxiliá-la nesta Terra, que este não somente não pode servir-lhe assim como foi previsto pelo Criador, mas tem de conduzi-la até as profundezas da perdição! Com isso, pecaram muito pior do que beberrões ou aqueles que destroem seu corpo ao entregar-se a todas as paixões!
E, além disso, ainda têm a arrogância de querer que Deus deva tornar-se-lhes de tal modo compreensível, que eles, no invólucro arbitrariamente torcido de seu corpo, também possam compreender! Por cima desse crime já praticado, ainda essa exigência!
Em desenvolvimento normal, a criatura humana teria podido escalar os degraus para a altura luminosa de maneira fácil e cheia de alegria, se não tivesse interferido na obra de Deus com mão criminosa! Maldição sobre ela, se agora não segurar, cheia de gratidão, a última âncora de salvação! Perdição sobre ela, para que não possa tramar e disseminar ainda mais desgraça e pecados, e espalhar sofrimento sobre os próximos, como aconteceu até agora! Não era possível de outra forma, senão que tais aleijados cerebrais caíssem em megalomania insana, que ainda hoje possuem no mais alto grau! O ser humano do futuro terá cérebros normais que, trabalhando uniformemente, apoiar-se-ão então mutuamente, somente de modo harmonioso. O cérebro posterior, o qual se chama cerebelo, porque foi atrofiado, robustecer-se-á então, porque chegará à atividade certa, até ficar em relação correta com o cérebro anterior. Então, haverá novamente harmonia, e o tolhido, doentio, terá de desaparecer!
Agora, sigamos para as demais conseqüências do modo de vida tão errado de até então: o cérebro posterior, demasiadamente pequeno na relação, também dificulta aos que hoje procuram de modo realmente sincero distinguir o que neles é legítima intuição e o que é simplesmente sentimento. Eu já disse anteriormente: o sentimento é gerado pelo cérebro anterior, quando seus pensamentos atuam sobre os nervos do corpo que, irradiando retroativamente, impõem ao cérebro anterior o estímulo da assim chamada fantasia.
Fantasia são imagens criadas pelo cérebro anterior. Não podem ser comparadas às imagens formadas pelo cerebelo sob pressão do espírito! Temos aqui a diferença entre a expressão da intuição como a conseqüência de uma atuação do espírito, e os resultados dos sentimentos provenientes dos nervos corpóreos. Ambos produzem imagens, que para os leigos são difíceis ou até impossíveis de distinguir, apesar de existir aí uma diferença tão enorme. As imagens da intuição são legítimas e contêm força viva, porém, as imagens do sentimento, a fantasia, são simulações de uma força emprestada.
A diferença, porém, é fácil para quem conhece o processo evolutivo na Criação inteira e, então, observa-se a si próprio de modo rigoroso.
Nas imagens da intuição, da atividade do cerebelo como ponte para o espírito, surge primeiro a imagem imediatamente, e só depois se transforma em pensamentos, pelo que a vida afetiva do corpo fica então influenciada pelos pensamentos.
No entanto, nas imagens geradas pelo cérebro anterior dá-se o contrário. Aí os pensamentos têm de anteceder, a fim de estabelecer as bases das imagens. Mas tudo isso se passa tão depressa, que quase parece uma só coisa. Com um pouco de prática no observar, contudo, a pessoa pode, em pouco tempo, distinguir com exatidão de que espécie é o fenômeno.
Uma outra conseqüência desse pecado hereditário é a confusão dos sonhos! Por esse motivo, as pessoas hoje não podem mais dar aos sonhos aquele valor que lhes caberia, propriamente. O cerebelo normal transmitiria os sonhos, influenciado pelo espírito, de maneira clara e não confusa. Quer dizer, nem seriam sonhos, mas um vivenciar do espírito, que é acolhido e retransmitido pelo cerebelo, enquanto o cérebro anterior repousa em sono. A atual força dominadora do cérebro anterior ou diurno, porém, exerce também durante a noite sua influência, irradiando sobre o sensível cérebro posterior. Este, em seu enfraquecido estado atual, acolhe as fortes irradiações do cérebro anterior, simultaneamente com as vivências do espírito, com o que se origina uma mistura, semelhante à exposição dupla de uma chapa fotográfica. Isso resulta, então, nos sonhos confusos atuais.
A melhor prova disso é que, muitas vezes, também surgem nos sonhos palavras e frases, que  se originam da atividade do cérebro anterior, o único a formar palavras e frases, por estar mais intimamente ligado a espaço e tempo.
Por essa razão, o ser humano agora também não está mais acessível, ou só precariamente, a advertências e ensinamentos espirituais através do cérebro posterior, e devido a isso muito mais exposto a perigos, dos quais, em caso contrário, poderia desviar-se pelas advertências espirituais!
Assim existem, além dessas mencionadas conseqüências más, muitas outras, que a interferência do ser humano nas determinações divinas trouxe consigo; pois na realidade todo o mal se originou somente desse único falhar hoje tão visível a qualquer um, que foi tão-só um fruto da vaidade, que se originou devido ao aparecimento da mulher na Criação.
Liberte-se, portanto, o ser humano finalmente das conseqüências do mal hereditário, se não quiser se perder.
Tudo, evidentemente, requer esforço, assim também isto. O ser humano deve, sim, despertar de seu comodismo, para tornar-se finalmente aquilo que já deveria ter sido desde o início! Favorecedor da Criação e mediador de Luz para toda criatura!
Mensagem do Graal de Abdrushin


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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Os problemas metafísicos

                             
 

                              PARÁBOLA

             OS PROBLEMAS METAFÍSICOS

Certa ocasião, Buda estava no Bosque de Jeta, junto à cidade de Saravasti. Um monge de nome Malunkya veio ter com ele, parecendo bastante preocupado. Ele se afligia com o fato de Buda jamais responder às seguintes questões, amplamente ventiladas pelos pensadores de sua época:

1 – O mundo é finito ou infinito?

2 – Corpo e espírito são uma coisa só ou duas coisas separadas?

3 – O homem tem uma vida de além-túmulo?

Malunkya, que gostava de Filosofia, estava bastante aborrecido por Buda não tratar destas questões, e disse-lhe: – Ó Perfeito! Se não responderes a minhas dúvidas, deixarei a Comunidade e voltarei à vida mundana.

Buda responde-lhe da seguinte maneira:

Malunkya: certa vez um homem foi ferido por uma seta envenenada. Os amigos correram a buscar um médico, mas o ferido disse que só consentiria que lhe extraíssem a seta e o tratasse, depois de lhe explicarem quem atirou a seta, com que arco ela foi lançada, qual sua forma, etc.
Que terá acontecido a ele? Certamente há de ter morrido antes de ver esclarecidas suas dúvidas. – Malunkya: da mesma forma, respostas a perguntas acerca do caráter finito ou infinito do universo, da natureza da alma, etc., não nos libertam do sofrimento. Precisamos libertar-nos do sofrimento nesta mesma vida. Por isso, Malunkya, não te preocupes com as questões que não ensino.
Preocupa-te com as que ensino, que são:
a  Existência do Sofrimento, a Origem do Sofrimento, a Cessação do Sofrimento e o Caminho da Cessação do Sofrimento.
Fonte: Textos Budistas e Zen Budistas – Ed. Cultrix.
site: www.estaremsi.com.br

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?

O que separa hoje tantos seres humanos da Luz?

Como uma noite profunda, paira sobre esta Terra a escuridão de matéria fina! Já há muito tempo. Mantém a Terra em um cerco sufocante, tão denso e compacto, que cada intuição luminosa que tenta subir assemelha-se a uma chama que, por falta de oxigênio, perde a força e logo, minguando, extingue-se em si mesma. Terrível é esse estado da matéria fina que atualmente se manifesta com seus piores efeitos. Quem pudesse contemplar apenas por cinco segundos tais acontecimentos, a este o pavor roubaria toda a esperança de salvação! —

E tudo isso foi ocasionado por culpa da própria humanidade. Por culpa da propensão para o que é baixo. Assim a humanidade tornou-se, por si própria, sua maior inimiga. Até mesmo os poucos, que de novo aspiram com sinceridade às alturas, correm agora o perigo de serem arrastados juntos para as profundidades, ao encontro das quais os outros amadurecem agora com sinistra rapidez.
Dá-se como que um enlaçamento a que se segue forçosamente a absorção mortal. Absorção para o pântano abafadiço e visguento, onde tudo submerge silenciosamente. Não é mais um lutar, e sim apenas ainda um silencioso, mudo e sinistro estrangular.

E o ser humano não reconhece isso. A preguiça espiritual torna-o cego ante o fenômeno funesto.
O pântano, porém, envia continuamente suas emanações venenosas que acabam fatigando lentamente os ainda fortes e despertos, a fim de que também eles, adormecendo, submirjam juntos, sem forças.
Eis como é atualmente nesta Terra. Não é um quadro que com isso estou apresentando, mas sim vida! Como tudo quanto é matéria fina tem formas criadas e vivificadas pelas intuições das criaturas humanas, tal processo desenrola-se de fato, continuamente. E esse é o ambiente que aguarda as pessoas quando elas têm de sair desta Terra, e não podem ser conduzidas para os páramos mais luminosos e mais belos.
Entretanto, as trevas concentram-se cada vez mais.

Aproxima-se, por isso, a época em que esta Terra, por um espaço de tempo, deve permanecer entregue ao domínio das trevas, sem auxílio direto da Luz, porque a humanidade forçou isso com sua vontade. As conseqüências de sua vontade, na maioria, tiveram de provocar esse fim. – Trata-se do tempo que a João foi permitido ver, outrora, em que Deus encobre Seu semblante. —

A noite estende-se em redor. Todavia, no auge das aflições, quando tudo, até mesmo o que é melhor, está ameaçado de submergir, irrompe então simultaneamente também a aurora! Mas a aurora traz primeiramente as dores de uma grande purificação, que é inevitável, antes que possa começar a salvação de todos os que buscam com sinceridade; pois não poderá ser estendida a mão em auxílio aos que aspiram a coisas baixas! Devem cair até aos abismos aterrorizantes, onde unicamente ainda poderão ter a esperança de despertar através de tormentos, os quais deverão provocar nojo de si próprios. Os que até agora, zombando, aparentemente impunes, podiam criar obstáculos para aqueles que se esforçam rumo às alturas tornar-se-ão calados e mais pensativos, até que finalmente, com lamentos e rogos, suplicarão pela Verdade.
Então não lhes será assim tão fácil, serão conduzidos incessantemente pelas mós das férreas leis da justiça divina, até que, através da vivência, cheguem ao reconhecimento de seus erros. —

Durante as minhas viagens pude reconhecer que com minha Palavra foi lançado um facho aceso entre os apáticos espíritos humanos, a qual esclarece que pessoa alguma pode dizer que traz consigo algo de divino, ao passo que, exatamente agora, em muitos trabalhos se visa descobrir Deus dentro de si, para com isso finalmente também se tornar Deus!

Por isso, inquietação foi despertada muitas vezes com a minha Palavra, a humanidade, revoltando-se, quer reagir a isso, porque só quer ouvir palavras soporíferas e tranqüilizadoras, que lhe pareçam agradáveis!
Os que se revoltam dessa maneira são apenas covardes, que preferem esconder-se de si mesmos, somente para ficarem na penumbra, onde podem sonhar, tão bela e tranqüilamente, conforme seus próprios desejos.
Não é qualquer um que suporta ser exposto à Luz da Verdade, a qual mostra de modo nítido e sem compaixão os defeitos e as manchas das vestes.

Com sorrisos, zombarias ou mediante hostilidade, querem tais impedir o dia vindouro, que deixa reconhecer claramente os pés de barro da construção insustentável do ídolo “eu”. Tais insensatos brincam apenas de festas de máscaras consigo mesmos, às quais seguir-se-á implacavelmente a sombria quarta-feira de cinzas. Com suas falsas opiniões querem apenas endeusar-se a si próprios e dessa maneira sentem-se terrenamente bem e sossegados. Consideram por isso de antemão como inimigo aquele que lhes perturba esse sossego preguiçoso!

Toda essa revolta, todavia, de nada lhes adianta desta vez!
O auto-endeusamento, que se encontra na afirmativa de que existe algo de divino no ser humano, é um tatear sujo em direção à sublimidade e à pureza de vosso Deus, que com isso macula o que para vós há de mais sacrossanto, para o que levantais os olhos na mais bem-aventurada confiança! —
Em vosso íntimo acha-se um altar que deve servir para a adoração de vosso Deus. Esse altar é a vossa faculdade intuitiva. Se ela for pura, tem ligação direta com o espiritual e, com isso, com o Paraíso! Há então momentos em que também vós podeis intuir plenamente a proximidade de vosso Deus, conforme muitas vezes se dá na mais profunda dor e na maior alegria!

Então intuireis Sua proximidade, de idêntico modo como a vivenciam permanentemente no Paraíso os eternos puro-espirituais, com os quais sois intimamente ligados em tais momentos. A vibração forte proveniente do alvoroço da alegria intensa, bem como a da dor profunda, afasta momentaneamente para longe tudo quanto é terreno e inferior, e com isso fica livre a pureza da intuição, formando imediatamente a ponte com a pureza de igual espécie que vivifica o Paraíso!

É esta a maior felicidade do espírito humano, dessa coroa de toda a Criação. Os eternos no Paraíso vivem nela permanentemente. Ela traz a maravilhosa certeza de encontrar-se abrigado. Eles estão então plenamente conscientes da proximidade de seu grandioso Deus, em cuja força se encontram, mas também reconhecem como evidente que se encontram em sua altitude máxima, e que nunca poderão ser capazes de contemplar Deus.

Isso não os oprime, pois no reconhecimento de Sua inacessível grandeza sentem jubilosa gratidão por Sua graça indescritível, que Ele sempre deixou atuar em relação à pretensiosa criatura.
E essa felicidade o ser humano terreno já pode usufruir. Está totalmente correto, quando se diz que o ser humano aqui na Terra sente, em momentos solenes, a proximidade de seu Deus. Mas passará a ser blasfêmia, se, com base nessa maravilhosa ponte do tornar-se consciente da proximidade de Deus, querer afirmar que possuem, eles próprios, uma centelha da divindade em seu íntimo.

De mãos dadas com essa afirmação segue também a degradação do amor divino. Como se pode medir o amor de Deus com a medida de um amor humano? Mais ainda, colocá-lo até no valor abaixo desse amor humano? Reparai nos seres humanos que imaginam o amor divino como o ideal mais sublime, sofrendo silenciosamente e, além disso, perdoando tudo! Querem reconhecer algo de divino nisso, no fato de tolerar todas as impertinências das criaturas bem inferiores, como somente acontece com o pior fracalhão, bem como com o mais covarde ser humano, que por isso é desprezado. Refleti, pois, sobre o ultraje monstruoso que nisso está ancorado!

Os seres humanos querem pecar sem receber punição, para finalmente com isso proporcionar uma alegria a seu Deus, permitindo que Ele lhes perdoe as culpas sem qualquer penitência própria! Supor tal coisa implica uma desmedida estreiteza, preguiça condenável ou o reconhecimento da própria fraqueza sem esperança em relação à boa vontade para a ascensão: uma coisa é tão condenável quanto a outra.

Imaginai o amor divino! Límpido como cristal, radiante, puro e imenso! Podeis imaginar então que ele possa ser tão sentimentalmente fraco, degradantemente complacente, como os seres humanos tanto o querem? Querem construir uma grandeza errônea lá, onde desejam fraqueza, apresentam um quadro falso, apenas para enganar ainda um pouco a si mesmos, para tranqüilizarem-se a respeito da própria imperfeição, que os deixa diligentemente a serviço das trevas. Onde se encontram aí a limpidez e a força que incondicionalmente fazem parte da pureza cristalina do amor divino? O amor divino é inseparável da máxima severidade da justiça divina. É ela mesma até. Justiça é amor e amor, outrossim, somente reside na justiça. Nela somente é que reside também o perdão divino.

Está certo quando as igrejas dizem que Deus perdoa tudo! E realmente perdoa! Ao contrário dos seres humanos que, mesmo quando alguém tenha expiado uma insignificante culpa, consideram-no continuamente indigno e, com tal espécie de pensamento, sobrecarregam-se duplamente, por não agirem nisso segundo a vontade de Deus. Aqui falta justiça ao amor dos seres humanos.

O efeito da vontade criadora divina purifica cada espírito humano de sua culpa, no próprio vivenciar ou por meio de voluntária correção, tão logo ele se esforce para cima.
Saindo dessas mós na materialidade, de volta ao espiritual, encontra-se então puro no reino de seu Criador, não importa o que tenha errado antes! Encontra-se tão puro como aquele que nunca errou. No entanto, devido ao efeito das leis divinas, tem de percorrer antes o seu caminho, e nesse fato se encontra a garantia do perdão divino, da Sua graça!

Não se ouve hoje em dia tantas vezes a pergunta atônita: Como puderam ocorrer esses anos de tanta aflição com a vontade de Deus? Onde está nisso o amor, onde a justiça? Indaga a humanidade, indagam as nações, muitas vezes as famílias e até mesmo o ser humano individual! Não seria isso antes a prova de que o amor de Deus seja talvez diferente do que tantos gostariam de pensar? Tentai, pois, considerar uma vez o amor de Deus que tudo perdoa, assim, até o fim, conforme se esforçam obstinadamente por apresentá-lo! Sem penitência própria, tudo consentindo e por último ainda perdoando generosamente. Deverá ser um deplorável resultado! Cuida-se o ser humano tão valioso, que o seu Deus deva sofrer com isso? Mais valioso, por conseguinte, do que Deus? Quanto reside nessa arrogância dos seres humanos. —
Ao refletir serenamente, tereis de tropeçar em milhares de empecilhos e só podereis então chegar a uma conclusão, se diminuirdes Deus e O tornardes imperfeito.

Entretanto, Ele foi, e é e será perfeito, independentemente do modo como os seres humanos aceitam esse fato.

O Seu perdão repousa na justiça. Não de outra forma. E é nessa justiça inexorável que repousa também unicamente o grande e até agora tão mal compreendido amor!
Desabituai-vos de medir conforme critérios terrenos. A justiça de Deus e o amor de Deus destinam-se ao espírito humano. A matéria nada tem a ver com isso. Ela é apenas moldada pelo próprio espírito humano, e sem espírito ela não tem vida.

Como vos atormentais tantas vezes com ninharias puramente terrenas, que considerais como pecado e que não o são absolutamente.
Somente aquilo que o espírito quer, em uma atuação, é determinante para as leis divinas na Criação. Mas essa vontade espiritual não é atividade de pensamentos, mas sim o intuir mais íntimo, a vontade propriamente dita no ser humano, a qual unicamente pode pôr em movimento as leis do Além e que também as coloca naturalmente em movimento.

O amor divino não se deixa rebaixar pelos seres humanos; pois nele repousam na Criação também as leis férreas de Sua vontade, a qual é conduzida pelo amor. E essas leis atuam de tal modo, conforme o ser humano nelas se comporta. Podem ligá-lo até a proximidade de seu Deus ou constituir uma parede divisória, que nunca poderá ser destruída, a não ser, finalmente, pela adaptação da criatura humana, o que equivale a obedecer, no que unicamente ele pode encontrar sua salvação, sua felicidade. É uma peça homogênea, a grande obra não apresenta falhas, nenhuma fenda. Qualquer tolo, qualquer insensato, que queira diferentemente, arrebentará a cabeça com isso. —

O amor divino só proporciona nisso o que é de proveito a cada espírito humano, e não o que lhe cause alegria na Terra e pareça agradável. A sua atuação vai muito mais além, porque domina toda a existência. —
Muitos seres humanos freqüentemente pensam agora: Se realmente devem ser esperados dissabores, catástrofes, para provocar uma grande purificação, então Deus deve ser tão justo e enviar antes pregadores de penitências. O ser humano tem, pois, de ser advertido com antecedência. Onde está João, para anunciar o que está para vir?

São desditosos em irreflexão, que deve parecer grande! Somente a arrogância de um vazio ilimitado se esconde atrás de tais clamores. Pois iriam fustigá-lo e jogá-lo na prisão!
Abri, portanto, os olhos e os ouvidos! Os fenômenos naturais e catástrofes, que estão aumentando, não são advertências suficientemente severas? As situações na Rússia e na China não falam uma linguagem séria? Mesmo os alemães das regiões fronteiriças enviam muitas vezes suas lamentações sob o flagelo de seus, de nossos inimigos! No entanto, passa-se dançando por sobre toda aflição e calamidades de seu semelhante, levianamente! Não se quer ver nem ouvir! —

Também já há dois mil anos precedeu um pregador de penitências, o Verbo feito carne seguiu-o logo após. Mas as criaturas humanas empenharam-se diligentemente em apagar novamente o brilho límpido do Verbo, em escurecê-lo, para que a força de atração de seu fulgor se fosse extinguindo pouco a pouco. —
E todos aqueles que quiserem libertar o Verbo do emaranhado de liames, logo terão de sentir como os mensageiros das trevas se esforçam obstinadamente para impedir qualquer despertar jubiloso!

Hoje, porém, não se repete mais nenhum acontecimento como no tempo de Cristo! Aí veio o Verbo! A humanidade tinha seu livre-arbítrio e decidiu-se naquele tempo principalmente pela recusa, pela condenação! Dessa época em diante as pessoas ficaram então subjugadas às leis que naturalmente se incorporaram ao livre-arbítrio assim exercido outrora. Os seres humanos acharam depois no caminho por eles escolhido todos os frutos de sua própria vontade.

Em breve, fechar-se-á então o círculo. Acumula-se cada vez mais e represa-se como um dique, que breve ruirá sobre a humanidade, que em embotamento espiritual vive aí de modo ignorante. No final, na época da realização, os seres humanos naturalmente não disporão mais da livre escolha!
Eles terão então de colher o que semearam outrora e também nos ulteriores caminhos falsos.

Todos estão encarnados hoje novamente nesta Terra para o ajuste de contas, os quais no tempo de Cristo rejeitaram a Palavra. Hoje não têm mais o direito a advertências prévias e a nova decisão. Nesses dois mil anos dispuseram de tempo suficiente, para mudar de opinião! Também todo aquele que aceita uma falsa interpretação de Deus e de Sua Criação e não se esforça por assimilá-la com mais pureza, este não a acolheu. É muito pior até, uma vez que uma crença errada impede de assimilar a Verdade.

Ai, porém, daquele que falseia ou altera a Verdade, para assim obter prestígio, porque em forma mais cômoda é também mais agradável aos seres humanos. Sobrecarrega-se não somente com a culpa da falsificação e de conduzir erroneamente, como também assume toda a responsabilidade por aqueles que conseguiu atrair a si, ao proporcionar maior comodismo e facilidades. Nenhum auxílio então lhe será prestado, quando soar a hora da retribuição. Despencará para abismos que nunca poderão devolvê-lo, e com razão! – Também isto João pôde ver e disso advertir em sua revelação.

E quando começar a grande purificação, não restará dessa vez ao ser humano tempo de se revoltar e muito menos de se opor aos acontecimentos. As leis divinas, das quais o ser humano tanto gosta de fazer uma idéia falsa, agirão então inexoravelmente.
Será exatamente no momento em que se passarem os fatos mais terríveis que a Terra já presenciou, que a humanidade irá aprender finalmente que o amor divino está muito longe da moleza e da fraqueza que ela ousou atribuir-lhe.

Mais da metade de todos os seres humanos da atualidade sequer pertence a esta Terra!
Já desde milênios essa humanidade caiu de tal modo, vive tão fundo na escuridão que, em seu querer impuro, estendeu muitas pontes a esferas escuras, situadas muito abaixo deste plano terreno. Lá vivem profundamente decaídos, cujo peso de matéria fina nunca permitiu a possibilidade de subir para este plano terreno.

Nisso residiu proteção para todos os que vivem sobre a Terra, bem como para aqueles trevosos. Acham-se separados pela lei natural de gravidade da matéria fina. Os que se acham lá embaixo podem exacerbar suas paixões, todas as baixezas, sem com isso provocar danos. Pelo contrário. Seu desenfreado modo de viver atinge lá somente os de igual espécie, identicamente como o modo de viver destes também os ataca. Com isso sofrem mutuamente, o que leva ao amadurecimento e não ao aumento da culpa. Pois, pelo sofrimento pode vir a ser despertado um dia o nojo de si próprio, e com o nojo também o desejo de sair desse reino. Tal desejo faz nascer com o tempo o mais doloroso desespero, que pode acarretar, por fim, as mais veementes súplicas e com isto a vontade sincera de melhorar.

Assim devia acontecer. Entretanto, pela vontade errônea dos seres humanos, aconteceu diferentemente!
As criaturas humanas lançaram, por meio de sua vontade tenebrosa, uma ponte até a região das trevas. Com isso estenderam as mãos aos que lá vivem, possibilitando assim, por meio da força de atração da igual espécie, que subissem para a Terra. Aqui encontraram naturalmente também oportunidade para a nova encarnação, fato esse que para eles ainda não estava previsto, segundo o curso normal dos acontecimentos universais.

Pois, no plano terreno, onde por intermédio da matéria grosseira podem conviver com seres mais luminosos e melhores, eles só conseguem causar danos e sobrecarregam-se desta forma com novas culpas. Não podem fazer isso em seus domínios inferiores; pois sua vileza só pode ser útil aos seus semelhantes, porque nisso por fim apenas reconhecem-se a si próprios e aprendem a enojar-se disso, o que contribui para uma melhoria.

Esse caminho normal de toda a evolução foi assim perturbado pela criatura humana, devido à baixa utilização de seu livre-arbítrio, com o que formou pontes de matéria fina até os domínios das trevas, de modo que os que até lá afundaram puderam ser arremessados qual um bando para o plano terreno, os quais, triunfando, povoam agora sua maior parte.

Como as almas luminosas têm de ceder lugar às trevas, lá onde quer que estas se instalem com firmeza, foi fácil, portanto, àquelas almas mais escuras, que de modo indevido atingiram o plano terreno, encarnarem-se às vezes, também, lá onde de outro modo somente teria entrado uma alma luminosa. A alma escura encontrou, assim, através de alguém do ambiente da futura mãe, um apoio que lhe possibilitou manter-se e afastar o luminoso, mesmo que a mãe ou o pai pertençam aos mais luminosos.

Explica-se, assim, também o enigma de poderem chegar muitas vezes ovelhas negras para pais bons. Se, porém, uma futura mãe estiver mais vigilante com relação a si própria, como também a seu ambiente mais próximo e suas relações sociais, então isto não pode acontecer.
Portanto, nisso há de se reconhecer somente amor, quando os efeitos finais das leis, com plena justiça, finalmente varrerem os que não pertencem ao plano terreno, de modo que eles se precipitem àquele reino das trevas a que pertencem por sua espécie. Dessa forma não mais poderão estorvar a escalada dos mais luminosos e acumular novas culpas sobre si próprios, pelo contrário, talvez ainda amadurecer no nojo de seu próprio vivenciar. — —

Tempo virá, sem dúvida, em que os corações de todos os seres humanos serão tocados com punhos férreos, quando com terrível inexorabilidade será extirpada a arrogância espiritual de cada criatura humana. Então cairá também toda a dúvida, que impede agora o espírito humano no reconhecimento de que o divino não existe dentro dele, e sim muito acima dele. E que só pode estar como a imagem mais pura no altar de sua vida íntima, para a qual levanta o olhar em humilde oração. —

Não é erro, mas sim culpa, sempre que um espírito humano declara também querer ser divino. Uma tal presunção deverá acarretar sua queda; pois equivale a uma tentativa de arrancar o cetro da mão de seu Deus e de rebaixá-Lo ao mesmo degrau em que se encontra o ser humano, e cujo degrau ele nem sequer conseguiu preencher até agora, por querer vir a ser mais, voltando seu olhar para altitudes que nunca poderá atingir, nem sequer reconhecer. Com isso, desatento, não viu toda realidade, não se tornou somente inútil na Criação, mas muito pior, tornou-se nocivo!

Por fim lhe será demonstrado com sinistra nitidez, ocasionado pela sua própria disposição falsa, que ele, em sua atual constituição tão profundamente decaída, não significa sequer a sombra de uma divindade. Todo o tesouro do saber terreno, que ele acumulou penosamente em milênios, reduzir-se-á então a nada perante o olhar apavorado de seus olhos, vivenciará em si, desamparado, como os frutos de suas aspirações terrenas unilaterais tornam-se inúteis, às vezes até mesmo uma maldição para ele. Então, poderá lembrar-se de sua própria divindade, se conseguir! — —

De modo grave retumbará em seus ouvidos: De joelhos, criatura, diante de teu Deus e Senhor! Não tentes injuriosamente arvorar-te a ti própria a Deus! — —
A excentricidade do preguiçoso espírito humano não prosseguirá. — —

Só então poderá essa humanidade pensar também em uma ascensão. E este será então também o tempo em que ruirá tudo o que não estiver em solo firme. As existências fictícias, os falsos profetas e associações que se formam ao redor destes, desmantelar-se-ão por si mesmas! Com isso também se tornarão evidentes os falsos caminhos de até então. E, satisfeitos consigo mesmos, muitos reconhecerão, atônitos, que se encontram rente a um abismo e, guiados erroneamente, deslizam rapidamente para baixo, enquanto supunham com orgulho já estarem elevando-se e aproximando-se da Luz! Que abriam portas de proteção, sem dispor de força suficiente para a defesa. Que atraíam perigos sobre si, que em um curso normal teriam sido transpostos por eles. Feliz daquele que então encontrar o caminho certo para a volta!

Mensagem do Graal de Abdrushin 
 volume 1   Na luz da Verdade

terça-feira, 23 de agosto de 2016

As regiões da Luz e o Paraíso

 As regiões da Luz e o Paraíso

Luz irradiante! Limpidez ofuscante! Bem-aventurada leveza! Tudo isso já diz tanto por si só, que é quase desnecessário ainda mencionar detalhes. Quanto menos o corpo de matéria fina, isto é, o manto do espírito humano no Além, encontrar-se carregado com qualquer pendor para coisas inferiores, com qualquer cobiça para coisas de matéria grosseira e prazeres, tanto menos se sentirá atraído a isso, tanto menos denso e assim também tanto menos pesado será seu corpo de matéria fina, o qual se forma de acordo com sua vontade, e tanto mais depressa será elevado, devido à sua leveza, para as regiões mais luminosas, que correspondem à menor densidade de seu corpo de matéria fina.
Quanto menos denso, portanto, menos concentrado e mais fino se tornar esse corpo de matéria fina, devido ao seu estado interior purificado de desejos inferiores, tanto mais claro e mais luminoso também deverá parecer, porque então o núcleo do espírito-enteal na alma humana, por sua natureza já irradiante, transluzirá cada vez mais de dentro para fora o corpo de matéria fina que se torna menos denso, ao passo que nas regiões inferiores esse núcleo irradiante acaba ficando encoberto e obscurecido pela maior densidade e peso do corpo de matéria fina.
Também nas regiões da Luz cada alma humana encontrará a igual espécie, isto é, de idéias análogas, de acordo com a constituição de seu corpo de matéria fina. Uma vez que apenas o realmente nobre, o que quer o bem, é capaz de esforçar-se para cima, livre de cobiças inferiores, assim ele encontrará, como sendo sua igual espécie, também apenas o que é nobre. É, outrossim, fácil de compreender que o habitante de uma tal região não tem de sofrer nenhum tormento, mas usufrui tão-só a bênção da mesma espécie nobre que ele irradia, sentindo-se bem-aventurado com isso e, por sua vez, ele próprio também desperta alegria nos outros com a sua própria atuação, compartilhando-a. Pode dizer que caminha nos páramos dos bem-aventurados, isto é, dos que se sentem bem-aventurados. Estimulado com isso, sua alegria pelo que é puro e elevado tornar-se-á cada vez mais intensa e o elevará cada vez mais alto. Seu corpo de matéria fina tornar-se-á, perpassado por esse intuir, cada vez mais fino e menos denso, de modo que o fulgor do núcleo espírito-enteal irrompe de forma cada vez mais irradiante e, por fim, também as últimas partículas desse corpo de matéria fina se desfazem como que consumidas pelas chamas, com o que então o espírito humano assim perfeito e consciente, tornado pessoal, pode transpor, em sua espécie totalmente puro espírito-enteal, os limites para o espírito-enteal. Somente com isso ele entra no reino eterno de Deus-Pai, no Paraíso eterno.
Assim como um pintor, em um quadro, não poderia reproduzir os tormentos da vida real nas regiões das trevas, tampouco ele consegue descrever o encantamento que reside na vida das regiões da Luz, também quando essas regiões ainda pertencem à transitória matéria fina e o limite para o reino eterno de Deus-Pai ainda não foi transposto.
Cada descrição e cada tentativa de reproduzir a vida em imagens significaria infalivelmente uma diminuição, que teria de trazer à alma humana, por isso, somente dano em vez de proveito.
Mensagem do Graal de Abdrushin

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

As regiões das trevas e a condenação

 As regiões das trevas e a condenação

Quando se vêem quadros que devam reproduzir a vida no assim chamado inferno, passa-se adiante encolhendo os ombros com um sorriso meio irônico, meio de compaixão, e com o pensamento de que só mesmo uma fantasia doentia ou uma crença cega fanática poderia conceber cenas de tal gênero. 

Raramente haverá alguém, que procure nisso sequer o menor grão de verdade. E, todavia, nem mesmo a fantasia mais lúgubre consegue esboçar de forma aproximada um quadro que, de acordo com a expressão, aproxime-se dos tormentos da vida nas regiões trevosas. Pobres cegos que supõem poder passar por cima disso levianamente, com um encolher de ombros escarnecedor! O momento virá em que a leviandade se vingará amargamente com o surgimento abalador da Verdade. Aí não adiantará qualquer resistência, nenhum afastamento, serão arrastados para dentro do redemoinho que os aguarda, se não se desfizerem a tempo dessa convicção de uma ignorância, que sempre caracteriza apenas o vazio e a estreiteza de um tal ser humano.

Mal ocorreu o desprendimento do corpo de matéria fina do corpo de matéria grosseira, *(Dissertação Nº 40: A morte) eles já encontram então a primeira grande surpresa na vivência de que a existência e a vida conscientes com isso ainda não estão terminadas. A primeira conseqüência é a perplexidade, à qual se segue um temor inconcebível, que se transforma muitas vezes em resignação bronca ou no mais angustiante desespero! É inútil opor-se então, inútil todo o lamentar, inútil, porém, também o pedir; pois terão que colher o que semearam na vida terrena.

Se zombaram da Palavra, que lhes fora trazida de Deus, que aponta para a vida após a morte terrena e para a responsabilidade a isso ligada de cada pensar e atuar aprofundado, então o mínimo que os aguarda é aquilo que queriam: profunda escuridão! Seus olhos, ouvidos e bocas de matéria fina se acham fechados pela própria vontade. Estão surdos, cegos e mudos em seu novo ambiente. Isso é o que de mais vantajoso lhes pode suceder. Um guia ou auxiliador do Além não pode tornar-se-lhes compreensível, porque eles próprios se mantêm fechados a isso. Uma triste situação, à qual apenas o lento amadurecer interior da respectiva pessoa, o que se dá pelo desespero crescente, pode trazer uma gradual modificação.

Com o crescente anseio pela Luz que, qual grito ininterrupto por socorro, sobe de tais almas oprimidas e martirizadas, finalmente, pouco a pouco, se tornará mais claro à volta dela, até aprender a ver também outras que, igualmente a ela, necessitam de auxílio. Tendo ela, agora, a intenção de auxiliar aqueles que aguardam na escuridão ainda mais profunda, para que também se possa tornar mais claro o ambiente deles, então ela se robustece cada vez mais no desempenho dessa tentativa de auxiliar, através do indispensável esforço para isso, até que algum outro, já mais adiantado, possa chegar até ela a fim de também ajudá-la rumo a regiões mais luminosas.

Assim encontram-se acocorados, desconsolados, uma vez que, devido ao não-querer, seus corpos de matéria fina também estão demasiadamente enfraquecidos para andar. Permanece por isso um penoso, inseguro rastejar no chão, caso chegar uma vez a algum movimento. Outros, por sua vez, andam tateando nessa escuridão, tropeçam, caem, levantam-se sempre de novo, para logo bater aqui e acolá, com o que não tardam ferimentos doloridos; pois, visto que uma alma humana, sempre somente devido à espécie de sua própria escuridão, a qual anda de mãos dadas com a maior ou menor densidade, e a qual, por sua vez, acarreta um peso correspondente, afunda para aquela região que corresponde exatamente ao seu peso fino-material, portanto, de idêntica espécie de matéria fina, assim seu novo ambiente torna-se para ela do mesmo modo palpável, sensível e impenetrável, como acontece a um corpo grosso-material em ambiente de matéria grosseira. Por isso, cada batida, cada queda ou cada ferimento ela sente lá de forma tão dolorosa, como seu corpo de matéria grosseira sentiu durante a existência terrena, na Terra de matéria grosseira.

Assim é em cada região, seja qual for a profundidade ou a altura a que pertença. Idêntica materialidade, idêntica sensibilidade, idêntica impenetrabilidade recíproca. Contudo, cada região mais elevada ou cada espécie diferente de matéria pode atravessar sem impedimento as espécies de matérias mais baixas e mais densas, assim como tudo o que é de matéria fina atravessa a matéria grosseira, que é de outra espécie.

Diferentemente, no entanto, é com aquelas almas que, além de tudo o mais, têm de remir alguma injustiça cometida. O fato em si é uma coisa à parte. Pode ser remido no momento em que o autor consegue pleno e sincero perdão da parte atingida. Mas aquilo que mais pesadamente amarra uma alma humana é o impulso ou o pendor, que forma a força motora para uma ou mais ações. Esse pendor perdura na alma humana, mesmo depois do trespasse, depois do desligamento do corpo de matéria grosseira. Chegará até a evidenciar-se ainda mais forte no corpo de matéria fina, tão logo anulada a limitação de tudo quanto seja de matéria grosseira, visto que, então, as intuições atuam muito mais vivas e mais livres. É um tal pendor também, por sua vez, que se torna decisivo para a densidade, isto é, o peso do corpo de matéria fina. Conseqüência disso é que o corpo de matéria fina, depois de liberto do corpo de matéria grosseira, afunda imediatamente para aquela região que corresponde exatamente ao seu peso e, por conseguinte, à idêntica densidade.

 Por essa razão, encontrará ali também todos aqueles que se entregam ao mesmo pendor. Pelas irradiações desses, o seu será ainda nutrido, aumentado, e então ele se entregará desenfreadamente à prática desse pendor. Da mesma forma, evidentemente, também os outros, que ali se encontram junto com ele. Que semelhantes excessos desenfreados devam constituir um suplício para os que estão em contato com ele, não é difícil compreender. Como isso, porém, em tais regiões sempre é recíproco, cada qual terá de sofrer amargamente com os outros tudo aquilo que, por sua vez, procura causar constantemente aos outros. Assim, a vida ali se torna um inferno, até que uma tal alma humana, pouco a pouco, chegue a fatigar-se, sentindo asco disso. Então, finalmente, após longa duração, despertará gradualmente o anseio de sair de semelhante espécie. O anseio e o asco constituem o começo de uma melhora. Intensificar-se-ão, até tornarem-se um grito de socorro, e, por fim, uma prece. Somente então é que lhe pode ser estendida a mão para a escalada, o que muitas vezes demora decênios e séculos, às vezes também mais tempo ainda. O pendor em uma alma humana é, portanto, aquilo que amarra de modo mais forte.

Disso se depreende que um ato irrefletido pode ser remido muito mais facilmente e muito mais depressa, do que um pendor que se encontra em uma pessoa, não importando se este tenha ou não se transformado em ação!

Uma pessoa que traz em si um pendor pouco limpo, sem nunca deixar que este se torne ação, porque as condições terrenas lhe são favoráveis, terá por isso de expiar mais pesadamente do que uma pessoa que cometeu uma ou mais faltas irrefletidamente, sem ter tido aí uma má intenção. O ato irrefletido pode ser perdoado imediatamente a essa última, sem desenvolver um carma ruim, o pendor, porém, apenas quando tiver sido completamente extinto na criatura humana. E desses existem muitas espécies. Seja, pois, a cobiça e a avareza a ela aparentada, seja o sensualismo imundo, o impulso para o roubo ou o assassínio, para atear fogo ou também apenas para o logro e para desleixos levianos, não importa, um tal pendor sempre fará com que a respectiva pessoa afunde ou seja atraída para lá onde se encontram seus iguais. Não adianta reproduzir quadros vivos disso. São freqüentemente de tamanho horror, que um espírito humano ainda aqui na Terra custará a crer em tais realidades, sem vê-las. E mesmo assim ainda julgaria tratar-se apenas de configurações de fantasias provocadas por uma febre altíssima. Deve bastar-lhe, por conseguinte, que sinta receio moral de tudo isso, receio que o liberta dos liames de tudo quanto é baixo, para que mais nenhum impedimento se encontre no caminho de ascensão à Luz.

Assim são as regiões sombrias, como efeitos do princípio que Lúcifer procura introduzir. O eterno circular da Criação prossegue e chega ao ponto em que começa a decomposição, em que tudo o que é matéria perde a forma, a fim de desintegrar-se em semente primordial e, com isso, no desenrolar progressivo, trazer nova mistura, novas formas com energia renovada e solo virgem. O que até então não pôde se desligar das matérias grosseira e fina, para, ao transpor o limite mais elevado, mais fino e mais leve, deixando para trás tudo quanto é material, penetrar no espírito-enteal, será impreterivelmente arrastado junto à decomposição, com o que também sua forma e o que é pessoal nele será destruído. Somente esta é então a condenação eterna, o extinguir de tudo quanto é pessoal consciente!
 Fonte: Mensagem do Graal de Abdrushin  Na Luz da Verdade

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O mistério de Lúcifer

 

O mistério Lúcifer

Um véu cinzento paira sobre tudo o que se relaciona com Lúcifer. É como se tudo tivesse medo de soerguer a ponta desse véu. O recuar assustado é na realidade apenas a incapacidade de penetrar no reino das trevas. A incapacidade jaz, por sua vez, na natureza da coisa, porque também nesse caso o espírito humano não consegue penetrar tão longe, por ser-lhe posta uma limitação, devido à sua constituição. Assim como não consegue ir até a altura máxima, da mesma forma tampouco pode penetrar até a profundeza mais baixa, aliás, jamais o conseguirá.
Assim, a fantasia criou substitutivos para o que faltava, isto é, seres de várias formas. Fala-se do diabo sob as formas mais extravagantes, do arcanjo decaído e expulso, da corporificação do mau princípio, *(Conduta, lei básica) e o que mais ainda existe. Da verdadeira natureza de Lúcifer nada se compreende, não obstante o espírito humano ser atingido por ele e, por isso, muitas vezes jogado no meio de uma enorme discórdia, que pode ser denominada de luta.
Aqueles, que falam de um arcanjo decaído, e também os que se referem à corporificação do mau princípio são os que mais se aproximam do fato. Só que também aqui há uma concepção errônea que confere a tudo uma imagem errada. Uma corporificação do mau princípio faz pensar no ponto culminante, na meta final, a encarnação viva de todo o mal, portanto, a coroação, o final absoluto. Lúcifer, porém, ao contrário, constitui a origem do princípio errado, o ponto de partida e a força propulsora. Aquilo, que ele provoca, também não se devia denominar de mau princípio, mas sim de princípio errado. Errado, entendido como o conceito de incorreto, e não de injusto. O âmbito de ação desse princípio errôneo é a Criação material. Unicamente na materialidade é que se encontram os efeitos do que é luminoso e os efeitos do que é das trevas, isto é, os dois princípios opostos, e nela atuam constantemente sobre a alma humana, enquanto esta percorre a materialidade para seu desenvolvimento. Agora, a qual princípio a alma humana mais se entrega, segundo seu próprio desejo, é decisivo para a sua ascensão para a Luz ou descida para as trevas.
Enorme é o abismo que existe entre a Luz e as trevas. Ele é preenchido pela obra da Criação da materialidade, que se acha sujeita à transitoriedade das formas, isto é, à decomposição das respectivas formas existentes e a um novo formar.
Visto que um circuito, de acordo com as leis que a vontade de Deus-Pai coloca na Criação, só pode ser considerado concluído e cumprido quando o seu final volta à origem, assim também o curso de um espírito humano só pode ser tido como cumprido quando regressa ao espírito-enteal, que se encontra mais perto da Luz primordial, porque sua semente saiu desse espírito-enteal. Deixando-se desviar em direção às trevas, ele incorrerá no perigo de ser arrastado para além do círculo mais externo de seu curso normal, às profundezas, de onde então não poderá mais reencontrar a escalada. Ele, porém, também não consegue, a partir das trevas fino-materiais mais densas e profundas, ir ainda mais fundo, além do limite extremo das mesmas, para fora da materialidade, como poderia fazê-lo para cima, em direção ao reino espírito-enteal, por ser este o seu ponto de partida, e, por esse motivo, será continuamente arrastado junto no poderoso circular da Criação material, até, por fim, para a decomposição, porque a sua escura vestimenta de matéria fina, portanto, densa e pesada, denominada também corpo do Além, o retém. A decomposição desfaz então sua personalidade espiritual como tal, adquirida durante a peregrinação pela Criação, de modo que sofre a morte espiritual e será pulverizado à semente espiritual original.
O próprio Lúcifer se encontra fora da Criação material, portanto, não será arrastado junto para a decomposição, como se dá com as vítimas de seu princípio; pois Lúcifer é eterno. Origina-se de uma parte do divino-enteal. A discórdia iniciou-se depois do começo da formação de tudo que é matéria. Enviado para amparar o espírito-enteal na matéria e favorecê-lo no desenvolvimento, não cumpriu essa sua incumbência no sentido da vontade criadora de Deus-Pai, ao contrário, escolheu outros caminhos do que os que lhe foram indicados por essa vontade criadora, devido a um querer saber melhor, que lhe veio durante sua atuação na materialidade.
Fazendo mau uso da força que lhe foi concedida, introduziu o princípio das tentações, no lugar do princípio do auxílio amparador, que equivale ao amor prestimoso. Amor prestimoso na acepção divina, que nada tem em comum com o servir do escravo, mas tão-somente visa a ascensão espiritual e com isso a felicidade eterna do próximo, atuando correspondentemente.
O princípio da tentação, porém, equivale à colocação de armadilhas, nas quais as criaturas humanas não suficientemente firmes tropeçam logo, caem e se perdem, ao passo que outras, pelo contrário, fortalecem-se com isso em vigilância e vigor, para então florescer poderosamente em direção às alturas espirituais. Tudo o que é fraco, porém, é de antemão entregue irremediavelmente à destruição. O princípio não conhece nem bondade, nem misericórdia; falta-lhe o amor de Deus-Pai, com isso, no entanto, também a mais poderosa força propulsora e o mais forte apoio que existe.
A tentação no Paraíso, narrada na Bíblia, mostra o efeito da introdução do princípio de Lúcifer, ao descrever figuradamente como este, mediante tentação, procura testar a força e a perseverança do casal humano, a fim de, ante a menor vacilação, lançá-lo logo impiedosamente no caminho da destruição.
A perseverança teria sido equivalente a um submeter-se jubilosamente à vontade divina, que se encontra nas leis singelas da natureza ou da Criação. E essa vontade, o mandamento divino, era de pleno conhecimento do casal humano. Não vacilar seria ao mesmo tempo um reconhecimento e um cumprimento dessas leis, com o que o ser humano pode beneficiar-se delas, de modo certo e irrestrito, e tornar-se assim o verdadeiro “senhor da Criação”, porque “segue com elas”. Então todas as forças encontrar-se-ão a seu serviço, se não se opuser, e trabalharão naturalmente a seu favor. Nisso consiste, então, o cumprimento dos mandamentos do Criador, que nada mais visam do que a manutenção e o cultivo puro e desimpedido de todas as possibilidades de desenvolvimento que residem em Sua obra maravilhosa. Essa simples observância é, abrangendo mais longe, por sua vez, um consciente co-atuar no sadio desenvolvimento ulterior da Criação ou do mundo material.
Quem não faz isso é um estorvo que, ou tem de deixar-se lapidar para atingir a forma correta, ou será esmagado pelas engrenagens do mecanismo universal, isto é, pelas leis da Criação. Quem não quiser curvar-se terá de quebrar, porque não pode haver paralisação.
Lúcifer não quer aguardar com bondade o amadurecimento e o fortalecimento graduais, não quer ser, como deveria, um jardineiro amoroso que ampara, protege e cuida das plantas a ele confiadas, ao contrário, com ele, literalmente, “o bode tornou-se jardineiro”. Visa a destruição de tudo quanto é fraco e, nesse sentido, trabalha impiedosamente.
Na verdade, ele despreza as vítimas que se rendem às suas tentações e armadilhas, e quer que pereçam em sua fraqueza.
Ele também tem asco da baixeza e da vileza que essas vítimas decaídas põem nos efeitos de seu princípio; pois somente os seres humanos os transformam na depravação repugnante em que se apresentam, açulando Lúcifer com isso ainda mais a ver neles criaturas que unicamente merecem destruição, não amor e amparo.
E para a realização dessa destruição contribui, não pouco, o princípio do viver até exaurir-se, que se associa ao princípio da tentação, como conseqüência natural. O viver até exaurir-se se processa nas regiões inferiores das trevas e já é aplicado terrenamente na chamada psicanálise *(Pesquisa da alma) por diversos praticantes, na suposição de que também na Terra o viver até exaurir-se amadurece e liberta.
Todavia, que terrível miséria não deve acarretar a prática desse princípio na Terra! Que desgraça deve causar, uma vez que na Terra, ao contrário das regiões das trevas, onde somente se junta aquilo que é de igual espécie, ainda vive junto e lado a lado o que é mais escuro como o que é mais luminoso. Basta que se pense apenas na vida sexual e coisas análogas. Se um tal princípio, em sua prática, for solto sobre a humanidade, deve haver por fim apenas uma Sodoma e Gomorra, da qual não há escapatória, mas onde apenas o pavor da pior espécie pode trazer um fim.
Mas, sem levar isso em consideração, já são vistas hoje inúmeras vítimas de doutrinas análogas, vagando por aí inseguras, cuja diminuta autoconsciência, aliás, todo o pensar pessoal, acabou sendo desfolhado totalmente e aniquilado lá, onde elas, cheias de confiança, esperavam ajuda. Encontram-se aí como pessoas, de cujos corpos foram arrancadas sistematicamente todas as roupas, para que sejam obrigadas então a se vestir com novas roupas a elas oferecidas. As assim despidas, no entanto, na maioria dos casos, lamentavelmente, não podem mais compreender por que ainda devem vestir-se com novos trajes. Pela sistemática intromissão em seus assuntos e direitos, os mais pessoais, perderam com o tempo também a intuição do pudor, conservador da autoconsciência pessoal, sem o qual não pode existir nada de pessoal e o qual constitui propriamente uma parte do que é pessoal.
Em terreno assim revolvido, pois, não se pode erigir nenhuma nova e firme construção. Essas pessoas, com raras exceções, permanecem dependentes, chegando até ao desamparo temporário, visto que também lhes foi tirado o pouco apoio que antes ainda tinham.
Ambos os princípios, o de viver até exaurir-se e o da tentação, estão tão estreitamente ligados um ao outro, que a tentação deve preceder incondicionalmente o viver até exaurir-se. É, portanto, o efetivo cumprimento e a disseminação do princípio de Lúcifer.
Para o verdadeiro médico de alma não há necessidade de destruir. Este cura primeiro e, então, continua edificando. O verdadeiro princípio proporciona uma modificação de desejos errados através de reconhecimento espiritual!
A prática desse princípio destituído de amor, porém, tinha de, evidentemente, separar Lúcifer, pela natureza da coisa, cada vez mais da vontade cheia de amor do Criador onipotente, o que acarretou a própria separação ou expulsão da Luz e, com isso, a queda cada vez mais profunda de Lúcifer. Lúcifer é um “que se separou por si próprio da Luz”, que equivale a um expulso.
A expulsão tinha de processar-se, também, de acordo com as leis primordiais vigentes, a inamovível sagrada vontade de Deus-Pai, porque um outro fenômeno não é possível.
Como, no entanto, unicamente a vontade de Deus-Pai, do Criador de todas as coisas, é onipotente, a qual também está firmemente arraigada na Criação material e em seu desenvolvimento, Lúcifer consegue, sim, introduzir seu princípio na materialidade, mas seus efeitos poderão sempre mover-se apenas dentro das leis primordiais instituídas por Deus-Pai e terão de formar-se na direção delas.
Assim Lúcifer até pode, com o prosseguimento de seu princípio errôneo, dar um impulso a caminhos perigosos para a humanidade, porém, não consegue forçar os seres humanos para qualquer coisa, enquanto estes voluntariamente não se decidirem a isso.
De fato, Lúcifer só pode tentar. A criatura humana, como tal, encontra-se, no entanto, mais firme do que ele na Criação material e, por conseguinte, muito mais segura e mais vigorosa, do que a influência de Lúcifer jamais poderá atingi-la. Assim, cada pessoa se acha de tal modo protegida, que é para ela uma vergonha dez vezes maior quando se deixa engodar por uma força comparativamente mais fraca do que a dela. Deve considerar que o próprio Lúcifer se encontra fora da materialidade, ao passo que ela se acha enraizada com os pés firmes num terreno e num solo que lhe é totalmente familiar. Lúcifer se vê obrigado, para aplicar seu princípio, a servir-se de suas tropas auxiliares, compostas de espíritos humanos decaídos pelas tentações.
A essas, porém, por sua vez, cada espírito humano que se esforça para o alto, não somente está plenamente igualado, mas sim as supera amplamente em força. Um único e sincero ato de vontade é suficiente para fazer desaparecer um exército deles, sem deixar vestígio. Pressuposto que estes, com suas tentações, não encontrem nenhum eco ou ressonância onde possam se agarrar.
Além do mais, Lúcifer seria impotente, se a humanidade se esforçasse por reconhecer e seguir as leis primordiais introduzidas pelo Criador. Infelizmente, porém, as criaturas humanas cada vez mais apóiam seu princípio mediante sua atual maneira de ser e por isso também terão de sucumbir na maior parte.
Impossível é que algum espírito humano possa travar uma luta com o próprio Lúcifer, pela simples razão de não poder chegar até ele, devido à constituição diferente. O espírito humano só pode entrar em contato com os que sucumbiram ao princípio errado, que no fundo têm a mesma espécie que ele.
A origem de Lúcifer condiciona que só pode aproximar-se dele e enfrentá-lo pessoalmente quem tiver origem idêntica; pois somente este é capaz de chegar até ele. Terá de ser um emissário de Deus, vindo e preenchido do divino-inenteal, munido da sacrossanta seriedade de sua missão e confiando na origem de todas as forças, no próprio Deus-Pai.
Essa missão está reservada ao anunciado Filho do Homem.
A luta é pessoal, frente a frente, e não apenas simbólica de modo geral, conforme muitos pesquisadores querem deduzir de profecias. É a realização da promessa em Parsival. Lúcifer aplicou mal a “lança sagrada”, o poder, e, através de seu princípio, abriu um ferimento doloroso no espírito-enteal, e, com isso, na humanidade como centelha e extremidade deste. Mas nessa luta ela lhe será tomada. Depois, já na “mão certa”, isto é, na realização do legítimo princípio do Graal do amor puro e severo, ela curará a ferida que abriu antes pela mão imprópria, isto é, pela utilização errada.
Por causa do princípio de Lúcifer, isto é, por causa da utilização errada do poder divino, equivalente à “lança sagrada” na mão imprópria, é conferido um ferimento no espírito-enteal, que não pode se fechar! Isso é reproduzido figuradamente com esse pensamento de modo acertado na lenda; pois esse fenômeno se assemelha realmente a uma ferida aberta que não se fecha.
Reflita que os espíritos humanos, como sementes espirituais inconscientes ou centelhas, fluem ou saltam da extremidade mais baixa do espírito-enteal para a Criação da materialidade, na esperança de que essas partículas efluentes, após seu percurso através da materialidade, despertadas e desenvolvidas para a consciência pessoal, voltem novamente, na conclusão do ciclo, para o espírito-enteal. Semelhante à circulação do sangue no corpo de matéria grosseira! Contudo, o princípio de Lúcifer desvia uma grande parte dessa corrente circulatória espiritual, com o que muito do espírito-enteal se perde. Por esse motivo o necessário ciclo não pode ser fechado e efetiva-se como o constante sangrar enfraquecedor de uma ferida aberta.
Porém, se passar agora a “lança sagrada”, isto é, o poder divino, para a mão certa, que se encontra na vontade do Criador, apontando o caminho certo ao espírito-enteal que percorre a materialidade como um fator vivificante, caminho esse que o conduz para cima, ao seu ponto de partida, ao luminoso Reino de Deus-Pai, então ele não se perderá mais, mas flui de volta à sua origem, como o sangue ao coração, com o que será fechada a ferida que até agora vertia enfraquecedoramente no espírito-enteal. A cura, pois, só pode dar-se por intermédio da mesma lança que ocasionou a ferida.
Para tanto, porém, antes, a lança tem de ser arrancada de Lúcifer, passando para a mão certa, o que se realiza na luta pessoal do Filho do Homem com Lúcifer!
As lutas seguintes, que se travam ainda na matéria fina e na matéria grosseira, são apenas repercussões dessa grande luta, que deve trazer o prometido acorrentamento de Lúcifer, que anuncia o começo do Reino do Milênio. Significam a extirpação das conseqüências do princípio de Lúcifer.
Este se opõe ao atuar do amor divino, cujas bênçãos são concedidas às criaturas humanas em seu percurso pela materialidade. Se, portanto, a humanidade se esforçasse simplesmente no sentido desse amor divino, estaria logo protegida completamente contra quaisquer tentações de Lúcifer, e este seria despojado de todos os horrores que o espírito humano tece em seu redor.
Também promanam da fantasia variegada do cérebro humano essas formas medonhas e feias que erroneamente se procura atribuir a Lúcifer. Na realidade, também, nenhum olho de criatura humana conseguiu ainda vê-lo, pelo simples motivo da diferente natureza de espécie, nem mesmo o olho espiritual que, muitas vezes já durante a vida terrena, é capaz de reconhecer a matéria fina do Além.
Ao contrário de todas as concepções, Lúcifer pode ser chamado de altivo e belo, de uma beleza sobrenatural, de majestade sombria, com olhos claros, grandes, azuis, mas que dão testemunho da gélida expressão da falta de amor. Ele não é apenas um conceito, como geralmente tenta-se apresentá-lo após outras frustradas interpretações, mas ele é pessoal.
A humanidade deve aprender a compreender que também para ela são traçados limites, devido à sua própria espécie, os quais jamais poderá transpor, evidentemente nem mesmo no pensar e que, além desses limites, mensagens somente poderão advir pelo caminho da graça. Todavia, não através de médiuns, que também não podem alterar sua espécie através de condições extraterrenas, tampouco através da ciência. Justamente esta tem, sim, através da química, a oportunidade de verificar que a heterogeneidade das espécies pode estabelecer barreiras intransponíveis. Essas leis, no entanto, partem da origem e não são encontráveis somente na obra da Criação.
Mensagem do Graal de Abdrushin


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sábado, 30 de julho de 2016


 Adoração a Deus

Pode-se dizer sem receio que o ser humano ainda nem compreendeu a absoluta naturalidade para ele de uma adoração a Deus, menos ainda a praticou. Observai como vinha sendo feita até hoje a adoração a Deus! Conhece-se somente um pedir ou, falando ainda melhor, um mendigar! Apenas aqui e acolá também acontece alguma vez, por fim, que se elevem orações de gratidão provenientes realmente do coração. Isso, no entanto, só se dá, como grande exceção, sempre quando e onde uma pessoa recebe inesperadamente uma dádiva toda especial, ou é salva subitamente de um grande perigo. Para ela torna-se necessário que haja aí o inesperado e o súbito, quando, enfim, resolve fazer uma oração de agradecimento. Da mesma forma, as coisas mais extraordinárias podem cair-lhe no colo sem merecimento, no entanto, jamais ou apenas mui raramente chegará a pensar em agradecimento, tão logo tudo corra de maneira serena e normal. Se a ela, bem como a todos que ela ama, for sempre presenteada saúde de modo surpreendente, e se não tiver preocupações terrenas, então dificilmente ela resolverá fazer uma sincera oração de agradecimento. A fim de provocar em si um sentimento mais forte, o ser humano necessita sempre, infelizmente, de um impulso todo especial. Quando as coisas lhe vão bem, nunca se dá espontaneamente a esse trabalho. Ele a tem talvez na boca, aqui e acolá, ou também vai à igreja a fim de, nessa oportunidade, murmurar uma oração de agradecimento, mas nem lhe acode à mente estar presente com toda a sua alma, mesmo que seja apenas por um único minuto. Somente quando uma verdadeira aflição se lhe depara é que então mui rapidamente se lembra de que existe alguém capaz de ajudá-lo. O medo o impele, para finalmente uma vez balbuciar também uma oração! Isso, no entanto, será sempre apenas um pedir, mas nenhuma adoração.
Assim é o ser humano que ainda se considera bom, que se tem na conta de religioso! E esses são poucos na Terra! Exceções dignas de louvor!
Imaginai agora uma vez diante de vossos olhos o quadro deplorável! Como este se apresenta a vós, seres humanos, em uma observação correta! Quanto mais miserável, no entanto, encontra-se tal pessoa diante de seu Deus! Mas assim, infelizmente, é a realidade! Podeis virar-vos e revirar-vos do modo que quiserdes, tais fatos permanecem, tão logo vos esforceis em investigar o assunto a fundo, excluindo qualquer dissimulação. Haveis de ficar aí um tanto apreensivos; pois nem o pedir e nem o agradecimento pertencem à adoração.
Adoração é veneração! E essa, porém, realmente não encontrais por toda esta Terra! Contemplai uma vez as celebrações ou solenidades que devem servir para louvor a Deus, onde uma vez, excepcionalmente, deixa-se de pedir e mendigar. Aí estão os oratórios! *(Peças musicais religiosas) Procurai os cantores que cantam em adoração a Deus! Observai-os quando se preparam para tanto no auditório ou na igreja. Todos eles querem realizar algo, a fim de agradar aos seres humanos. Deus aí lhes é bastante indiferente. Justamente Ele, a quem, sim, isso devia ser dedicado! Olhai para o maestro da orquestra! Ele exige aplausos, quer mostrar aos seres humanos do que é capaz.
Prossegui, ainda. Contemplai as majestosas edificações, igrejas, catedrais que em louvor a Deus... deviam existir. O artista, o arquiteto e o construtor lutam apenas pelo reconhecimento terreno, cada cidade vangloria-se com essas edificações... para honra de si mesma. Têm até de servir para atrair forasteiros. Mas não acaso para adoração a Deus, ao contrário, para que acorra à localidade dinheiro em decorrência do movimento aumentado! Apenas o impulso pelas exterioridades terrenas, para onde olhardes! E tudo isso sob o pretexto de adoração a Deus!
Bem que existe ainda, aqui e acolá, uma pessoa cuja alma costuma abrir-se na floresta ou nas montanhas, que até se lembra aí, passageiramente, também da grandeza do criador de toda a beleza em seu redor, porém, de modo bem distante e em segundo plano. Nisso sua alma se expande, mas não para um vôo de júbilo às alturas, porém... ela se expande literalmente no prazer do bem-estar. Isso não deve ser confundido com um vôo às alturas. Não deve ser avaliado de maneira diferente que a satisfação de um glutão perante uma mesa ricamente sortida. Esse tipo de arrebatamento da alma é tomado erroneamente como adoração; permanece sem conteúdo, exaltação, sensação de bem-estar próprio, que aquele que assim intui considera como um agradecimento ao Criador. É mero acontecimento terrenal. Também muitos dos entusiastas da natureza consideram exatamente essa embriaguez como sendo adoração correta a Deus, e cuidam-se também nisso muito acima de quantos não têm as possibilidades de desfrutar dessas belezas de formações terrenas. É um grosseiro farisaísmo, oriundo unicamente da sensação do próprio bem-estar. Lantejoula, à qual falta qualquer valor. Quando essas pessoas um dia tiverem de procurar seus tesouros de alma, a fim de utilizá-los para sua ascensão, encontrarão o receptáculo dentro de si inteiramente vazio; pois o tesouro imaginado era somente uma embriaguez de beleza, nada mais. Faltava-lhe a verdadeira veneração pelo Criador. —
A verdadeira adoração a Deus não se manifesta em exaltação, nem em preces murmuradas, tampouco em súplicas, genuflexões, contorções de mãos, nem em estremecimento bem-aventurado, mas em alegre ação! Na jubilosa afirmação dessa existência terrena! Pela usufruição de cada momento! Usufruir significa aproveitar. Aproveitar, por sua vez... vivenciar! Não, porém, em jogo e dança, nem em desperdícios de tempo que prejudicam o corpo e a alma, os quais o intelecto procura e precisa como equilíbrio e estímulo de sua atividade, mas no olhar voltado para a Luz e para a vontade da mesma, que estimula, eleva e enobrece tudo quanto existe na Criação!
Para tanto se faz mister, porém, como condição básica, o conhecimento exato das leis de Deus na Criação. Estas lhe mostram de que maneira ele deve viver, se quiser ser sadio de corpo e de alma, mostram exatamente o caminho que conduz para cima, ao reino espiritual, no entanto, deixam também que ele reconheça de modo claro quais os horrores que têm de sobrevir-lhe quando se opõe a essas leis!
Visto que as leis da Criação atuam de modo autônomo e vivo, inflexível, inabalável, com uma força, contra a qual os espíritos humanos são de todo impotentes, então, no fundo, é apenas natural que a necessidade mais premente de cada ser humano tem de ser a de reconhecer irrestritamente essas leis, a cujos efeitos ele, em qualquer caso, realmente permanece exposto sem defesa!
E, no entanto, essa humanidade é tão restrita, que procura passar descuidadamente por cima dessa necessidade tão nítida e simples, apesar de não haver algo mais evidente! É notório que à humanidade não ocorrem jamais os pensamentos mais simples. Nisso qualquer animal é estranhamente mais esperto do que o ser humano. Adapta-se à Criação e nela é favorecido, enquanto o ser humano não procurar impedi-lo nisso. O ser humano, no entanto, quer dominar aquilo, a cuja atuação autônoma está e sempre estará sujeito. Presume, em sua vaidade, já dominar forças, quando apenas chega a aprender a utilizar-se, para seus fins, de pequenas derivações de irradiações, ou quando se utiliza, em escala bem reduzida, dos efeitos do ar, da água e do fogo! Aí não pondera que para essas utilizações, relativamente ainda muito pequenas, precisa, antes de mais nada, aprender e observar, a fim de utilizar-se das capacitações ou forças já existentes, exatamente de acordo com suas propriedades específicas. Ele tem de procurar adaptar-se aí, caso deva haver êxito! Ele, totalmente sozinho! Isso não é nenhum dominar, nem subjugar, mas um sujeitar-se, um enquadrar-se nas leis vigentes.
O ser humano deveria finalmente ter reconhecido nisso que apenas um adaptar-se aprendendo pode lhe trazer o proveito! Nisso deveria prosseguir, gratamente. Mas não! Vangloria-se e comporta-se cada vez mais presunçosamente do que antes. Exatamente ali onde ele se curva, servindo à vontade divina na Criação, obtendo através disso, imediatamente, proveitos visíveis, procura de modo pueril apresentar isso de tal forma, como se fosse ele um vencedor! Um vencedor da natureza! Essa mentalidade absurda alcança o auge de toda a tolice no fato de ele passar, dessa forma, cegamente por aquilo que realmente é grande; pois com uma mentalidade correta seria realmente um vencedor... sobre si mesmo e sua vaidade, porque ele, na observação lógica de todas as notáveis conquistas, aprendendo antes, curvou-se ao já existente. Somente assim advém-lhe sucesso. Cada inventor, bem como tudo aquilo que é realmente grande, adaptou seu pensar e seu querer às leis vigentes da natureza. O que quiser se opor ou até agir em sentido contrário será esmagado, triturado, esmigalhado. É impossível que alguma vez possa chegar realmente à vida.
Assim como as experiências em escala pequena, também não ocorre diferentemente com toda a existência do ser humano, nem diferentemente com ele mesmo!
Ele, que tem de peregrinar não somente através do curto período terreno, mas através de toda a Criação, necessita para tanto, incondicionalmente, do conhecimento das leis a que se acha submetida a Criação inteira, e não apenas o ambiente visível mais próximo de cada ser humano terreno! Se não as conhecer, ficará retido e impedido, ferido, jogado para trás ou até triturado, porque em sua ignorância não pôde seguir com as correntes de força das leis, mas sim colocou-se de maneira tão errada, que elas tiveram de empurrá-lo para baixo ao invés de para cima.
Um espírito humano não se apresenta grande, digno de admiração, mas apenas ridículo, sempre que se esforça por negar cega e obstinadamente os fatos que tem de reconhecer diariamente em seus efeitos por toda parte, logo que deva utilizá-los não apenas em sua atividade e em toda a técnica, mas também fundamentalmente para si e para sua alma! Ele tem sempre oportunidade de ver, em sua existência terrena e em seu atuar, a absoluta perfeição e uniformidade de todos os efeitos básicos, quando não se fechar leviana ou até malevolamente e dormir.
Nisso não há exceção alguma na Criação inteira, também não para uma alma humana! Tem de submeter-se às leis da Criação, se seus efeitos devam ser favoráveis para ela! E essa simples evidência a criatura humana ignorou totalmente até agora, da maneira mais leviana.
Considerou-a tão simples, que exatamente por isso teve de tornar-se o mais difícil que havia para ela no reconhecimento. Cumprir essa tarefa difícil tornou-se-lhe com o tempo totalmente impossível. Encontra-se hoje assim diante da ruína, do descalabro anímico, que deve destruir conjuntamente tudo quanto construiu!
Só uma coisa poderá salvá-la: o conhecimento irrestrito das leis de Deus na Criação. Somente isso poderá impeli-la de novo para diante, fazê-la subir e, com ela, tudo o que procurar edificar futuramente.
Não digais que vós, como espíritos humanos, não podeis reconhecer tão facilmente as leis da Criação, que a Verdade dificilmente se deixa diferenciar das conclusões enganadoras. Isso não é verdade! Quem faz tais declarações tenta com isso apenas encobertar novamente a preguiça, que traz em si, só não quer deixar reconhecível a indiferença de sua alma ou procura desculpar-se perante si mesmo para tranqüilização própria.
Nada, porém, lhe adianta; pois cada ser humano indiferente, cada preguiçoso, será agora condenado! Só aquele, que congrega todas as suas forças para utilizá-las irrestritamente na obtenção daquilo que é mais necessário para sua alma, pode ainda ter a perspectiva de salvação. O meio-termo vale tanto como nada. Igualmente cada hesitar, o protelar já é uma total negligência. À humanidade não é deixado mais tempo, porque ela já esperou até o ponto que constitui o último limite.
Evidentemente, desta vez não lhe será tão facilitado e nem será tão fácil, visto que ela mesma, por causa da mais despreocupada mornidão de até agora nessas coisas, privou-se de qualquer capacitação, até de crer na profunda seriedade de uma necessária e última resolução! E este ponto constitui exatamente a maior fraqueza, tornar-se-á a queda infalível de tantos!
Durante milênios muito foi feito a fim de tornar-vos clara a vontade de Deus ou a uniformidade das leis na Criação, pelo menos tanto quanto necessitastes, para que pudésseis ascender à Criação primordial donde saístes, para que achásseis novamente o caminho para lá! Não pelas assim chamadas ciências terrenas, nem pelas igrejas, mas pelos servos de Deus, os profetas dos tempos antigos, bem como depois pela mensagem do próprio Filho de Deus. Apesar de esta ter-vos sido dada de modo tão simples, fazeis apenas referência a ela, contudo, jamais vos esforçastes seriamente para compreendê-la direito, menos ainda viver de acordo! Isso era, segundo vossa concepção preguiçosa, exigir por demais de vós, não obstante ser vossa única salvação! Quereis ser salvos, sem vos esforçardes de maneira alguma para tanto! Se refletirdes a respeito, haveis de chegar a esse triste reconhecimento.
Fizestes de cada mensagem de Deus uma religião! Para vossa comodidade! E isso foi errado! Pois a uma religião construístes um degrau todo especial e elevado, à parte das atividades cotidianas! E nisso se encontrava o maior erro que pudestes cometer; pois com isso colocastes também a vontade de Deus à parte da vida cotidiana, ou, o que vem a dar no mesmo, vós vos colocastes à parte da vontade de Deus, ao invés de unificar-vos com ela, de inseri-la no centro da vida e da atividade do vosso dia a dia! De tornar-vos uma só coisa com ela! Deveis assimilar de forma absolutamente natural e prática cada mensagem de Deus, deveis incorporá-la ao vosso trabalho, ao vosso pensar, a toda a vossa vida! Não deveis fazer dela algo a ser mantido à parte, conforme sucede atualmente, algo a que só vos dirigis para visitas em horas de lazer! Onde por curto espaço de tempo procurais entregar-vos à contrição, ou ao agradecimento, ao descanso. Dessa forma, isso não se tornou para vós algo evidente, que vos seja próprio como a fome ou o sono.
Compreendei finalmente com acerto: vós deveis viver nessa vontade de Deus, a fim de vos orientardes direito em todos os caminhos, os quais trazem o bem para vós! As mensagens de Deus são indicações preciosas das quais necessitais, sem cujo conhecimento e observância estais perdidos! Portanto, não deveis colocá-las dentro de uma vitrine para contemplá-las com bem-aventurado estremecimento, como algo sagrado, tão-só aos domingos, ou para, na aflição, no medo, ali refugiar-vos em busca de forças! Desditosos, não deveis venerar a Mensagem, mas utilizá-la! Deveis pegá-la com vontade, não somente com trajes de festa, mas com as mãos calosas da vida laboriosa, que jamais desonram ou humilham, mas honram a qualquer um! A jóia brilha na mão calosa, suja de suor e de terra, de modo muito mais puro, mais intenso, do que nos dedos bem tratados de um ocioso indolente, que passa seu tempo terreno apenas em contemplações!
Cada mensagem de Deus devia se tornar algo próprio em vós, isto é, tornar-se uma parte de vós! Deveis procurar compreender o sentido corretamente!
Não devíeis considerá-la como algo à parte, que fica afastado de vós, e à qual costumais aproximar-vos com tímida reserva. Assimilai a Palavra de Deus em vosso íntimo, para que cada um saiba de que forma terá de viver e se conduzir, a fim de atingir o Reino de Deus!
Portanto, acordai finalmente! Aprendei a conhecer as leis da Criação. Para tanto não vos ajudará em nada qualquer inteligência terrena nem o insignificante saber de observações técnicas, algo tão mínimo é insuficiente para o caminho que vossa alma deve tomar! Tendes de elevar o olhar muito acima da Terra e reconhecer para onde vos conduz o caminho depois desta existência terrena, a fim de que nisso vos chegue simultaneamente a consciência do porquê e para qual finalidade estais nesta Terra. E, por sua vez, exatamente assim como vos encontrais nesta vida, se pobre, se rico, sadio ou doente, em paz ou em luta, alegria ou sofrimento, aprendereis a reconhecer a causa e também a finalidade, e com isso ficareis alegres e leves, agradecidos pelo vivenciar que até agora vos foi dado. Aprendereis a apreciar valiosamente cada segundo e, acima de tudo, a aproveitá-lo! Aproveitá-lo para a escalada rumo à existência cheia de alegria, à felicidade grandiosa e pura!
E por vos terdes emaranhado e desnorteado em demasia por vós próprios, veio-vos outrora, por intermédio do Filho de Deus, a mensagem de Deus como salvação, depois que as advertências transmitidas pelos profetas não tinham encontrado ouvidos. A mensagem de Deus vos indicava o caminho, o único para a vossa salvação do pântano que já vos ameaçava asfixiar! O Filho de Deus procurou guiar-vos por meio de parábolas neste caminho! Os que queriam acreditar e os perscrutadores acolheram-nas com os seus ouvidos, mais adiante, contudo, elas não iam. Nunca procuraram viver de acordo.
A religião e a vida cotidiana permaneceram sempre duas coisas distintas para vós. Vós sempre ficastes de lado, ao invés de por dentro! Os efeitos das leis na Criação explicados nas parábolas permaneceram totalmente incompreendidos por vós, porque nelas não os procurastes!
Agora vem na Mensagem do Graal mais uma vez a mesma interpretação das leis na forma a vós mais compreensível para a época atual! São na realidade exatamente as mesmas que Cristo já trouxe outrora, na forma adequada de então. Ele mostrava como os seres humanos devem pensar, falar e agir, a fim de, amadurecendo espiritualmente, conseguir ascender na Criação! Mais a humanidade nem precisava. Para isso não há nenhuma lacuna na mensagem de outrora. A Mensagem do Graal traz agora exatamente a mesma coisa, somente na forma atual.
Todo aquele que finalmente se orienta por ela no pensar, falar e agir, pratica com isso a mais pura adoração a Deus; pois esta repousa exclusivamente na ação!
Quem se sintoniza de bom grado com as leis age sempre com acerto! Com isso prova seu respeito pela sabedoria de Deus, curva-se jubiloso à Sua vontade que reside nas leis. Dessa forma vem a ser favorecido e protegido pelos seus efeitos, libertado de todo sofrimento e soerguido para o reino do espírito luminoso, onde, em jubiloso vivenciar, a onisciência de Deus torna-se visível a cada um, sem turvação, e onde a adoração a Deus consiste na própria vida! Onde cada respiração, cada intuição, cada ação é apoiada pela mais alegre gratidão e assim permanece como um constante prazer. Nascido da felicidade, semeando felicidade e, por isso, colhendo felicidade! A adoração a Deus na vida e no vivenciar reside unicamente na observância das leis divinas. Somente com isso será assegurada a felicidade. Assim deverá ser no reino vindouro, o Milênio, que se denominará o Reino de Deus sobre a Terra! Dessa forma, todos os adeptos da Mensagem do Graal deverão tornar-se candeeiros e indicadores do caminho no meio da humanidade.
Quem não puder ou não quiser isso, este novamente não entendeu a mensagem. O serviço do Graal deve ser verdadeiro, viva adoração a Deus. Adoração a Deus é o primeiro serviço a Deus que não consiste em coisas exteriores, que não se mostra apenas externamente, mas que vive também em cada ser humano nas horas de recolhimento mais íntimo, e que se mostra no seu pensar e no seu agir, como algo evidente.
Quem não quiser reconhecer isso espontaneamente, este não presenciará a época próxima do Reino de Deus, será destruído ou ainda obrigado à incondicional submissão com força divina e poder terreno! Para o bem de toda a humanidade, que está agraciada para finalmente encontrar nesse Reino a paz e a felicidade!
Mensagem do Graal de Abdrushin


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