segunda-feira, 21 de março de 2016

A morte do Filho de Deus na cruz e a Ceia

 A morte do Filho de Deus na cruz e a Ceia

Por ocasião da morte de Cristo rasgou-se no Templo a cortina que separava o Santíssimo da humanidade. Tal acontecimento é tido em conta como símbolo de que, com a morte por sacrifício do Salvador, cessava no mesmo instante a separação existente entre a humanidade e a divindade, isto é, foi criada uma ligação direta.
Tal interpretação, porém, é errada. Com a crucificação rejeitaram as criaturas humanas o Filho de Deus como o Messias esperado, com o que a separação tornou-se maior! Rasgou-se a cortina porque, consequentemente, não havia mais necessidade do Santíssimo. Ficou exposto à vista e às correntes impuras, uma vez que, simbolicamente expresso, o divinal depois desse fato não pôs mais o seu pé sobre a Terra, com o que se tornou supérfluo o Santíssimo. Portanto, exatamente o contrário das interpretações de até agora, nas quais novamente, como tantas vezes, apenas se evidencia a grande presunção do espírito humano.
A morte na cruz também não foi um sacrifício necessário, mas um assassínio, um verdadeiro crime. Qualquer outra explicação constitui uma evasiva, que deve valer como desculpa ou que surgiu por ignorância. Cristo não desceu à Terra absolutamente com a intenção de se deixar crucificar. Nisso também não reside a redenção! Cristo foi crucificado, no entanto, como um incômodo portador da Verdade, por causa de seus ensinamentos.
Não foi a sua morte na cruz que podia e devia trazer a redenção, mas a Verdade, que deu à humanidade em suas palavras!
A Verdade, porém, era incômoda aos então dirigentes de religiões e de templos, um aborrecimento, visto abalar-lhes fortemente sua influência. Exatamente conforme também hoje, novamente, sucederia em tantos lugares. Quanto a isso, a humanidade não mudou. Os dirigentes de outrora se apoiavam, assim como os de hoje, em antigas e boas tradições, mas estas tinham se tornado, por causa dos praticantes e esclarecedores, mera forma rígida, vazia, sem ser mais viva em si. Idêntico quadro ao que hoje novamente se apresenta de modo freqüente.
Mas aquele que queria trazer essa vida necessária para dentro da Palavra existente, trouxe com isso naturalmente uma revolução na prática e na explicação, não na própria Palavra. Ele libertou o povo da rigidez e vacuidade opressoras, salvou-o disso, e isso foi mui naturalmente um grande aborrecimento para aqueles, que puderam reconhecer logo quão energicamente fora interferido assim nas rédeas de sua errada condução.
Por isso o portador da Verdade e libertador do fardo das interpretações errôneas teve de sofrer suspeita e perseguição. Quando não se conseguiu, apesar de todos os esforços, torná-lo ridículo, tratou-se de apresentá-lo como inverossímil. Para tanto devia servir o “passado terreno”, como filho de carpinteiro, para tachá-lo de “inculto e por isso incapaz para uma elucidação!” De um “leigo”. Tal como acontece também hoje em relação a cada um que enfrenta dogmas rígidos, os quais abafam já no gérmen todo o esforço ascendente, livre e vivo. Por precaução, nenhum dos adversários aprofundou-se em seus esclarecimentos, pois mui acertadamente sentiam que diante de uma réplica puramente objetiva deveriam ser derrotados. Ativeram-se, pois, na difamação vil, mediante seus instrumentos venais, a ponto de não temerem, por fim, em momento para eles propício, acusá-lo publica e falsamente e levá-lo à cruz, a fim de afastar junto com ele a ameaça ao seu poderio e prestígio.
Essa morte violenta, outrora comumente praticada pelos romanos, não constituiu em si a redenção e também não a trouxe. Não remiu nenhuma culpa da humanidade, não a libertou de coisa alguma, mas apenas sobrecarregou mais ainda a humanidade, por ser um assassínio da mais baixa espécie!
Se disso então, até os dias atuais, aqui e acolá se desenvolveu um culto, de ver nesse assassínio um fato essencial necessário da obra de redenção do Filho de Deus, então o ser humano fica com isso afastado justamente do que é mais precioso, daquilo que única e exclusivamente pode trazer a redenção. Desvia-o da verdadeira missão do Salvador, daquilo que tornou necessária a sua vinda do divinal à Terra. No entanto, isso não se deu para sofrer a morte na cruz, mas sim, para anunciar a Verdade no amontoado da rigidez dogmática e da vacuidade, que arrastam o espírito humano para baixo! Foi para descrever as coisas entre Deus, a Criação e o ser humano de tal forma como realmente são. Dessa forma, tudo quanto o limitado espírito humano havia engendrado a tal respeito, e que encobria a realidade, tinha de cair por si sem força. Só então o ser humano pôde ver claramente diante de si o caminho que o conduz para cima.
Somente no trazer essa Verdade e na libertação de erros ligada a isso reside única e exclusivamente a redenção!
É a redenção da visão turva, da crença cega. A palavra “cega” já caracteriza suficientemente a condição errada.
A Ceia antes de sua morte foi uma Ceia de despedida. Quando Cristo disse: “Tomai, comei, este é meu corpo. Bebei todos disto, este é meu sangue do novo testamento, que será derramado para muitos, para o perdão dos pecados”, declarava com isso que estava disposto até mesmo a aceitar essa morte na cruz, somente para ter o ensejo de transmitir à humanidade perdida a Verdade em seus esclarecimentos, que indica, única e exclusivamente, o caminho para o perdão dos pecados.
Ele diz também, textualmente: “para o perdão de muitos”, e não acaso “para o perdão de todos”! Por conseguinte, apenas para aqueles que se interessassem pelas suas explicações e delas tirassem lições vivas.
Seu corpo destruído pela morte na cruz e seu sangue derramado devem contribuir para que se reconheça a necessidade e a seriedade dos esclarecimentos trazidos por ele. Essa urgência somente deve ser sublinhada pela repetição da Ceia e na Ceia!
Que o Filho de Deus não tenha recuado nem mesmo diante de uma tal hostilidade da humanidade, cuja probabilidade já tinha sido reconhecida de antemão, antes de sua vinda, *(Dissertação Nº 48: Fenômenos universais) devia indicar especialmente para a situação desesperada do espírito humano, que só poderia ser arrancado da ruína pelo agarrar-se à corda de salvação da Verdade sem disfarce.
A referência do Filho de Deus, durante a Ceia, à sua morte na cruz é apenas uma última e expressa indicação sobre a necessidade urgente de seus ensinamentos, os quais ele viera trazer!
Ao tomar a Ceia, pois, cada pessoa deve se dar conta sempre de novo de que o próprio Filho de Deus não temeu a pressuposição de uma morte na cruz, causada pela humanidade, e que deu corpo e sangue a fim de possibilitar à humanidade o recebimento da descrição do real fenômeno no Universo, que mostra nitidamente os efeitos das leis imutáveis da Criação que trazem em si a vontade divina! Com esse reconhecimento da severidade amarga, que realça a necessidade urgente da mensagem para a salvação, deve renascer constantemente nas criaturas humanas nova força, novo impulso para realmente viver segundo os claros ensinamentos de Cristo, a fim de não só compreendê-los direito, mas também agir em tudo de acordo com eles. Com isso obterão então também perdão de seus pecados e redenção! Não diferentemente. Também não diretamente. Mas encontrá-los-ão impreterivelmente no caminho que Cristo mostra em sua mensagem.
Por essa razão deve a Ceia sempre de novo vivificar o acontecimento, a fim de que não se enfraqueça o único zelo salvador para o cumprimento dos ensinamentos trazidos com tamanho sacrifício; pois pela indiferença que se inicia ou pelas formas meramente externas, as criaturas humanas perdem essa corda de salvação e tornam a cair nos tentáculos dos erros e da destruição.
É um grande erro as criaturas humanas acreditarem que pela morte na cruz esteja garantido o perdão de seus pecados. Esse pensamento acarreta o terrível dano de que todos aqueles que nisso crêem serão por isso retidos do verdadeiro caminho para a redenção, que reside, única e exclusivamente, no fato de viver de acordo com as palavras do Salvador, de acordo com as explicações que ele deu, como conhecedor e por abranger tudo com a visão. E essas explicações mostram, em quadros práticos, o necessário cumprimento e observância da vontade divina, que se encontra nas leis da Criação, bem como os seus efeitos, na observância e na inobservância.
Sua obra redentora consistiu em trazer essa explicação, que devia mostrar as falhas e os danos da prática religiosa, pois ela trouxe em si a Verdade, a fim de iluminar a escuridão crescente do espírito humano. Não consistiu na morte na cruz, tampouco que a Ceia ou a hóstia consagrada podem oferecer perdão dos pecados. Esse pensamento é contra cada lei divina! Com isso cai também o poder dos seres humanos de perdoar pecados. Uma pessoa só tem o direito e também o poder de perdoar o que lhe foi feito por outrem pessoalmente, e mesmo então só quando seu coração, sem ser influenciado, a isso impele.
Quem refletir seriamente reconhecerá também a Verdade e, assim, o caminho verdadeiro! Os que têm preguiça de pensar e os indolentes que não conservarem continuamente preparada, com todo cuidado e atenção, a lamparina a eles confiada pelo Criador, isto é, a faculdade de examinar e elucidar, podem perder facilmente a hora, quando a “Palavra da Verdade” chegar a eles, como as tolas virgens da parábola. Uma vez que se deixaram adormecer em cansado comodismo e crença cega, não serão capazes de reconhecer, por sua indolência, o portador da Verdade ou noivo. Têm de ficar então para trás, quando os vigilantes entrarem no reino da alegria.
Mensagem do Graal de Abdrushin

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