segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A JANELA




                                                                       A JANELA 
Havia certa vez dois homens, seriamente doentes, que estavam na mesma enfermaria de um grande hospital. O quarto era muito pequeno, e nele existia apenas uma janela que dava para o mundo. Um dos homens tinha como parte do seu tratamento, permissão para sentar-se na cama por uma hora durante as tardes (algo a ver com a drenagem dos seus pulmões). A sua cama ficava perto da janela. O outro, contudo, tinha que passar todo o tempo deitado de barriga para cima. Todas as tardes, quando o homem cuja a cama ficava perto da janela era colocado em posição sentada, ele passava todo o tempo descrevendo o que via lá fora. A janela aparentemente dava para um parque onde havia um lago. Havia patos e cisnes no lago e as crianças iam atirar-lhes migalhas e colocar na água barcos de brinquedos. Jovens namorados caminhavam de mãos dadas entre as árvores e havia flores, gramados e jogos de bola. E ao fundo, por trás da fileira de árvores, avistava-se o belo contorno dos prédios da cidade. O homem deitado ouvia o sentado descrever tudo isso, apreciando todos os minutos. Ouviu sobre como uma criança quase caiu no lago, e sobre como as garotas estavam bonitas em seus vestidos de verão. As descrições do seu amigo eventualmente o fizeram sentir que quase podia ver o que estava acontecendo lá fora. Então, uma bela tarde, ocorreu-lhe um pensamento: por que o homem que ficava perto da janela deveria ter todo o prazer de ver o que estava acontecendo? Por que ele não podia ter essa chance? Sentiu-se envergonhado. Mas quanto mais tentava não pensar assim, mais queria uma mudança. Faria qualquer coisa! Numa noite, enquanto olhava para o teto, o outro homem subitamente acordou tossindo e sufocando, suas mãos procurando o botão que faria a enfermeira vir correndo. Mas ele o observou sem se mover... mesmo quando o som da respiração parou. De manhã a enfermeira encontrou o outro homem morto, e silenciosamente levou embora o seu corpo. Logo que pareceu apropriado, o homem perguntou se poderia ser colocado na cama perto da janela. Então colocaram-no lá, aconchegaram-no sob as cobertas e fizeram com que se sentisse confortável. No minuto em que saíram, ele apoiou-se sobre um cotovelo com dificuldade e muita dor, e olhou para fora da janela. Viu apenas um muro... "A vida é, sempre foi e sempre será aquilo que nós a tornamos."

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