sábado, 15 de agosto de 2015

DESTINO MERECIDO


Aquelas pessoas que costumam maldizer a sua falta de sorte, praguejando contra o destino, formam em torno de si uma aura de irradiações negativas, que cedo ou tarde recairá sobre elas com força redobrada.
Isso acontece porque elas quer saibam ou não, são submetidas à ação de uma das leis naturais de gravidade espiritual, conhecida como reciprocidade. Esta implica em troca ou permuta, ou seja, se fazemos duas boas ações e uma má, temos um superávit de uma boa ação.
Essa lei aplica-se tanto a atos materiais, quanto às palavras que proferimos e aos pensamentos que emitimos. O pessimismo, o mau-humor, a irritação e o descontrole emocional, levam os seres humanos, pela lei da reciprocidade, ao acúmulo de superávit negativos.
Esse acúmulo de superávit negativos gera uma doença moderna que a sociedade conhece como sendo estresse. Esta, por sua vez, é a porta de entrada para outros males tanto do físico quanto da alma.
O segredo para evitar o estresse, é não reclamar das coisas ruins que acontecem, pois nada vem a nós gratuitamente. Mantendo nossas emoções neutras ou em estado latente, arejamos a mente à entrada de fios de irradiações de natureza positiva.
Nossa história relata algo assim: Calíope vivia em uma ilha perto de Creta. Seu pai, um grande fiandeiro, trabalhava para o rei da Grécia. Ambos tinham um padrão de vida muito bom. Certo dia, o rei chamou-os à Creta para executarem alguns serviços.
Durante a viagem, uma grande tempestade atingiu a embarcação. Calíope sobreviveu indo parar em Alexandria; seu pai veio a falecer. Procurando não emitir juízo de valor sobre algo que não entendia, Calíope apenas disse: – O que farei agora que meu pai está morto e eu naufraguei aqui nesta terra desconhecida?
Mas a fortuna lhe sorriu e ela foi encontrada por um casal de tecelões, que a adotaram. Aprendeu com esmero o ofício de tecelã. Porém, o destino mais uma vez foi adverso: enquanto passeava, bárbaros invadiram sua aldeia e a seqüestraram, levando-a para o mercado de escravos em Istambul.
Quando ia ser vendida, um próspero serralheiro e construtor de mastros para navios, via-a e pensou: ‘Ela não me parece uma escrava. Vou comprá-la e fazê-la de criada para minha esposa’. Chegando à ilha de Java, o comerciante descobriu que estava falido, pois fora roubado.
Sem dinheiro, seus empregados o abandonaram. Teve que reconstruir sua fortuna, ajudado pela esposa e Calíope. Esta, trabalhou com tanta vontade que seu patrão lhe devolveu a liberdade e ela se tornou seu braço direito. Confiando em Calíope, o comerciante carregou o navio de mastros e pediu que ela os negociasse na Índia.
Mas, novamente o destino foi antagônico. Navio a pique, Calíope encontrou-se na China. Ao invés de se insurgir contra esse fado, apenas disse a si mesma: – Por que toda vez que estou feliz vem algo e destrói minha felicidade?
Na China, havia uma profecia dizendo que uma mulher estrangeira construiria uma grande tenda para o imperador. Na aldeia, uma camponesa sugeriu que marcasse audiência com o monarca. Na audiência, este perguntou: – Você pode me construir uma tenda?
Para construir a tenda, Calíope precisaria de um tipo hiper-resistente de corda, de um tecido especial e de mastros resistentes. Nenhum desses bens havia na China. Então, lembrando tudo o que tinha aprendido com seu pai fiandeiro, com o casal de artesões e com o construtor de mastros, ela mesma fabricou as mercadorias.
Vendo a profecia cumprida, o imperador perguntou-lhe o que ela mais desejava. Disse que apenas queria viver nesse país. Moral da história: Casou-se com um príncipe. Felicidade completa, aprendeu que todos os sofrimentos e dissabores serviram como uma lição de vida.


Richard Zajaczkowski, bacharel em Direito,
Oficial de Justiça – Vara do Trabalho, jornalista
e membro do Centro de Letras de Francisco Beltrão

        



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